Pular para o conteúdo principal

Comunicação Institucional pró-ativa

Não é hora de cruzar os braços, é hora de ser lembrado. Observe. Empresas de todas as cores e tamanhos se defendem nesses tempos de crise econômica e financeira, a começar pela proteção do patrimônio maior: a marca. Para isso, muitas ações se tornaram inadiáveis, sobretudo na Comunicação Institucional. Realizá-la, diante da nova realidade empresarial, é sinal de bom senso. Não se trata da simples comunicação da marca realizada pelas várias vertentes do marketing e por suas caras campanhas. Refiro-me a algo maior e perene. A reação à crise esperada em comunicação empresarial deve prestigiar os valores e a visão da organização, deve almejar a permanência da marca na mente de um público consumidor que também está sendo afetado pela crise. E, não se iluda, ela pode ser barata.

Em entrevista recente, o americano Jonathan Bernstein, especialista em crises, acertou em cheio. As suas cinco primeiras recomendações se relacionavam à comunicação. Elas incluíam: escolher uma equipe de comunicação, identificar e treinar porta-vozes, montar um sistema de informações e identificar stakeholders (públicos externos e internos). Para ele, os funcionários também são indispensáveis nesse processo de identificação dos públicos.

Concordo com Bernstein. Inclusive com o uso das variadas modalidades de comunicação. Aliada à gestão do conhecimento, à comunicação interna e ao monitoramento de informações, a assessoria de imprensa - não a assessoria passiva que apenas emite press releases que nunca serão utilizados, mas a que promove verdadeiro relacionamento com a mídia - deve constar nas ações em Comunicação Empresarial neste momento de turbulências.

Somente com Comunicação Institucional as empresas são capazes de transmitir soluções, tornar-se referência e porta-voz requerida pela imprensa. A conseqüência inevitável: a organização transmite a sua história e valores para o seu público. Não se trata, nesse caso, da comunicação para a venda, mas da comunicação pró-ativa que transmite a alma da organização. Planejada e integrada, ela é especial porque é capaz de incorporar a marca no dia-a-dia dos públicos. Não ser esquecido - pelo contrário, ser lembrado e celebrado - é vital em qualquer momento. Na esteira da crise é primordial.

Não é preciso ser gênio para dizer que a pró-atividade, palavra tão utilizada nos últimos anos, é peça chave para o enfrentamento da crise que atinge e continuará a ressoar nas organizações e sociedades economicamente ativas. A reação que observamos em todo o mundo - tanto em governos e bancos centrais, quanto em instituições financeiras e nas organizações -, deve ser precisa e consciente. Reagir não pressupõe sucesso na ação. As empresas, sempre defendi, estão convocadas a agir com destreza. Delas depende a superação determinada da inércia, o que conseguirão com comunicação que ultrapassa o marketing. Felizmente, observo os gestores mais eficientes já convictos de que ficar parado é prejudicial. Nas ações e orçamentos para 2009, o conjunto de ações que representam gastos supérfluos deve ser tesourado. Mas, alerta: o corte de investimentos vitais para a superação da recessão pode ser a gota d'água para as empresas mais desavisadas. O corte da comunicação, por exemplo, é um deles.

Defendo a comunicação empresarial nesses moldes para a gestão da crise porque apenas boas idéias e "pacotes" não são suficientes para fechar as cicatrizes da paralisia e desconfiança que contaminam a economia. Essa verdade se comprova no noticiário dos últimos dias, que não esconde a incerteza que engessa qualquer dinâmica na produção e na geração de serviços, apesar das tentativas de injeção de crédito. Se paralisia gera destruição, bem sabemos que, nesse clima, fornecedores deixam de fornecer, colaboradores são dispensados e acionistas entram em pânico. E se a comunicação interna é desprezada, joga-se no lixo a veia central da comunicação relevante, a oportunidade de usar a cultura da empresa para unir esses agentes desestimulados e para prepará-los para serem ouvidos pelos públicos externos, via imprensa. O cenário, antes ruim, piora.

Não é à toa que os governos mais dispostos a superar esse período de tensões se colocam, a toda hora, a transmitir com tom apropriado e sereno as palavras que valem mais do que o silêncio. Isso acontece porque, no caso da ausência de plano estratégico e revisão da comunicação, eternos paralisados serão os mudos e os mal planejados. Muitos não se deram conta de que o silêncio e a improvisação na comunicação organizacional são erros fatais em momentos de crise. A comunicação interna, por exemplo, é primordial para resgatar a dinâmica e a cooperação dos agentes nas empresas. Preste atenção nas organizações pró-ativas. Elas utilizam a comunicação interna como matriz motivadora, de baixo custo, que serve como a ferramenta mais eficaz para tranqüilizar e transmitir as novidades, mas também os valores e cultura das organizações.

Menosprezar essa comunicação não é atitude sensata nestes tempos. O prejuízo pode vir depois. Em crises, reforçar estratégias de comunicação integrada é atitude de quem já visualiza, no fim do túnel, o retorno da dinâmica, do movimento, da produção e do crescimento. Comunicar esses valores, mais do que ser determinante para superar a crise, ajuda a transmitir a alma da empresa e reforça a organização. As mais fortalecidas depois dessa crise serão as empresas que não deixam, no presente incerto, de praticar estratégias em Comunicação Institucional. Enquanto uns se calam, elas motivam colaboradores e fornecedores a descruzarem os braços. Com planejamento, gestão do conhecimento, assessoria de imprensa pró-ativa e monitoramento de informações, elas sairão da crise no melhor cenário possível: não serão esquecidas.


Fonte: Por Nancy Assad - diretora-executiva da NA3 Comunicação Estratégica.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç