Pular para o conteúdo principal

Repensando o papel da agência de comunicação

Se fosse possível resumir em poucas palavras o trabalho das cerca de duas mil agências de comunicação espalhadas pelo país, as escolhidas provavelmente seriam: reputação, imagem e credibilidade. Isso porque o objetivo do árduo trabalho das assessorias é construir ou fortalecer a imagem de seus clientes, sejam eles focados na área institucional ou diretamente relacionados a produtos.

Não podemos, portanto, mais ter a ilusão de que não fazemos parte da atividade produtiva. Afinal, no fim do dia ajudamos a consolidar a lucratividade empresarial. Na era do capitalismo moderno, o lucro é a atividade-fim de qualquer empresa. E para nós da comunicação, o produto do nosso trabalho é a informação ou, em termos mais abrangentes, a credibilidade.

Toda empresa almeja atribuir valores confiáveis a seu negócio. A busca desenfreada pela credibilidade ou por um discurso crível passa pela construção de relacionamentos com entidades, governos e organizações capazes de fortalecer a imagem institucional. Dessa forma, a comunicação passa por uma rede de relações ou, como diria Paulo Freire, um dos mais notáveis pesquisadores da pedagogia mundial: "comunicação é o homem em relação".

Dessa forma, os papéis estão definidos e todos sabem de cor quais as suas responsabilidades. Nós, da comunicação, trabalhando com uma marca (ou branding), somos parceiros nessa luta diária por faturamento. Não estamos à parte do processo. É preciso deixar isso bem claro para aqueles que ainda têm uma ponta de ilusão.

Entretanto, vivemos hoje uma época de mudanças, uma sociedade em transição, em que os valores estão sendo rediscutidos. As limitações de tempo e espaço deixaram de existir, as grandes instituições e crenças humanas há muito já se diluíram e o núcleo familiar passa por uma fase de definição, que envolve questões de gênero e minorias antes excluídas do processo de produção.

Tudo isso nos leva a refletir que a palavra credibilidade anda em baixa em nossos dias. Desde que o conceito deixou de ser universal e passou a ser relativo, sofrendo inúmeras influências baseadas nas experiências e vivências de cada um, passamos a acreditar que quase tudo é passível de comprovação.

Um dos critérios antes indiscutíveis era o rigor científico, mas até mesmo a Ciência deixou de ser crível à medida que a cada dia uma nova pesquisa contradiz a anterior. Hoje, não sabemos muito bem se tomar café é bom ou ruim para a nossa saúde, só para citar um hábito tão presente no nosso dia-a-dia.

Como então podemos trabalhar com credibilidade numa sociedade que não crê? Qual é nosso papel na busca da construção de uma imagem nesse espelho desfigurado que é a nossa sociedade? Com certeza, um novo cenário está se revelando, pautado amplamente na transparência e na lealdade. Não cabem mais atitudes covardes e simplórias, como práticas "avestruzes" de ser.

No mundo corporativo, cada vez mais, é preciso ter coragem de enfrentar o novo, o desconhecido. E as agências de comunicação têm de reaprender seu papel, como parceiras na tarefa de desvendar -- ou pelo menos acompanhar -- os avanços advindos da pós-modernidade.


Fonte: Por Rose Pinheiro, in www.aberje.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su...

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS...

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De...