A maioria dos jornalistas brasileiros atua na comunicação corporativa, exercendo funções para as quais, geralmente, não tem formação acadêmica específica. São formados para atuar em veículos de comunicação, e não para outros tipos de organizações ou como empreendedores.
Com as novas diretrizes curriculares, definidas em 1999, assim como os demais cursos de graduação, comunicação social, habilitação em jornalismo, tem a oportunidade de adotar conteúdos específicos para atender às necessidades, oportunidades e tendências do mercado de trabalho.
Alguns cursos de jornalismo oferecem disciplinas voltadas para a assessoria de imprensa. Trata-se de uma visão equivocada, pois nesse mercado de trabalho ocorre a lógica multidisciplinar, onde o jornalista exerce essa e outras funções.
Os jornalistas vêm ocupando espaços que, em tese, são específicos dos profissionais de relações públicas. Então, “por que as escolas de comunicação, em sua maioria, não assumiram que deveriam oportunizar uma preparação do jornalista para atuar no âmbito da comunicação organizacional?”, pergunta Margarida Kunsch (2003).
O ensino da comunicação está fragmentado em habilitações, o que estimula essa separação e maximiza estereótipos entre jornalistas e relações públicas. Enquanto isso, essas profissões, geneticamente complementares e adversas, convivem no mercado de trabalho, somando competências.
Esse fenômeno muda o papel do jornalista na sociedade, e o jornalismo deixa de ser uma profissão unificada. Surge, então, o jornalismo instrumental, que produz informações especializadas para públicos diversificados. Em vez de narrador, o jornalista assume o papel de moderador e gestor da comunicação.
Para subsidiar saberes e habilidades a esse profissional, convocado a uma atuação multidisciplinar, a academia não vem contribuindo para sua formação. Algumas instituições ensaiam uma retomada do ciclo básico de dois anos, congregando alunos das três áreas – jornalismo, relações públicas e publicidade e propaganda – com disciplinas comuns.
Alunos, professores e coordenadores de cursos com uma visão ampla, já perceberam a necessidade da formação de um profissional polivalente. Porém, entidades de classe continuam a luta vã em delimitar espaços, dificultando a adoção de uma grade curricular convergente.
A atuação de jornalistas fora da mídia passou (e continua) por um processo evolutivo. Jorge Duarte (2002) argumenta que o “jornalista encontrou (e criou) novas alternativas de atuação, e a assessoria de imprensa, mesmo que seja a parte mais visível da comunicação organizacional, não é a única nem necessariamente a mais importante”.
O ‘Manual de Assessoria de Comunicação’, editado em 2007 pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), aponta a nova realidade do mercado de trabalho: “O segmento cresceu, e os jornalistas em assessorias passaram a exercer atividades multimídias. Hoje, a tendência do mercado de trabalho sugere a atuação com outros setores, desenvolvendo um processo de comunicação integrada”.
Conteúdo específico:
O maior desafio do ensino de jornalismo está na formação técnica, acadêmica e profissional. Para Eduardo Meditsch, coordenador do mestrado de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “ensinar para a prática não é formar para o primeiro emprego, mas formar para toda uma vida profissional [...] e cuja base de conhecimento necessária estará em mutação permanente”.
Compreender a realidade e pensar a prática na questão curricular leva às perguntas: Como estabelecer o elo entre teoria e prática profissional no projeto pedagógico? Por que introduzir o conteúdo comunicação corporativa no ensino do jornalismo?
O novo panorama da sociedade e do mercado de trabalho exige novas competências e áreas híbridas de conhecimento. Muitos pesquisadores da comunicação social defendem uma formação que privilegie a atuação do profissional e suas práticas, estabelecendo uma relação entre o ensino e o mercado de trabalho.
Mas como formar jornalistas para essa nova realidade? Associar jornalismo apenas à mídia trata-se de uma concepção míope, uma vez que o jornalista atua na difusão da informação em diferentes meios e organizações.
Habilitar o graduando para este novo enfoque, a comunicação corporativa, requer formação flexível e adequada ao mercado, dinâmica e em permanente mutação, em função dos avanços das tecnologias de informação e comunicação, competitividade e globalização das relações.
Aliás, no futuro, quem atuará na comunicação corporativa não será o jornalista nem o relações públicas, mas sim o profissional de comunicação.
Referências:
DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia. São Paulo: Atlas, 2002.
KUNSCH, Margarida. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003.
MEDITSCH, Eduardo. A formação para a práxis profissional do jornalista: uma experiência brasileira inspirada em Paulo Freire. Comunicação e Sociedade, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 23-38, 2004. Disponível aqui. Acesso em: 22 mar. 2009.
Fonte: Por Aldo Antonio Schmitz, in www.nosdacomunicacao.com
Com as novas diretrizes curriculares, definidas em 1999, assim como os demais cursos de graduação, comunicação social, habilitação em jornalismo, tem a oportunidade de adotar conteúdos específicos para atender às necessidades, oportunidades e tendências do mercado de trabalho.
Alguns cursos de jornalismo oferecem disciplinas voltadas para a assessoria de imprensa. Trata-se de uma visão equivocada, pois nesse mercado de trabalho ocorre a lógica multidisciplinar, onde o jornalista exerce essa e outras funções.
Os jornalistas vêm ocupando espaços que, em tese, são específicos dos profissionais de relações públicas. Então, “por que as escolas de comunicação, em sua maioria, não assumiram que deveriam oportunizar uma preparação do jornalista para atuar no âmbito da comunicação organizacional?”, pergunta Margarida Kunsch (2003).
O ensino da comunicação está fragmentado em habilitações, o que estimula essa separação e maximiza estereótipos entre jornalistas e relações públicas. Enquanto isso, essas profissões, geneticamente complementares e adversas, convivem no mercado de trabalho, somando competências.
Esse fenômeno muda o papel do jornalista na sociedade, e o jornalismo deixa de ser uma profissão unificada. Surge, então, o jornalismo instrumental, que produz informações especializadas para públicos diversificados. Em vez de narrador, o jornalista assume o papel de moderador e gestor da comunicação.
Para subsidiar saberes e habilidades a esse profissional, convocado a uma atuação multidisciplinar, a academia não vem contribuindo para sua formação. Algumas instituições ensaiam uma retomada do ciclo básico de dois anos, congregando alunos das três áreas – jornalismo, relações públicas e publicidade e propaganda – com disciplinas comuns.
Alunos, professores e coordenadores de cursos com uma visão ampla, já perceberam a necessidade da formação de um profissional polivalente. Porém, entidades de classe continuam a luta vã em delimitar espaços, dificultando a adoção de uma grade curricular convergente.
A atuação de jornalistas fora da mídia passou (e continua) por um processo evolutivo. Jorge Duarte (2002) argumenta que o “jornalista encontrou (e criou) novas alternativas de atuação, e a assessoria de imprensa, mesmo que seja a parte mais visível da comunicação organizacional, não é a única nem necessariamente a mais importante”.
O ‘Manual de Assessoria de Comunicação’, editado em 2007 pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), aponta a nova realidade do mercado de trabalho: “O segmento cresceu, e os jornalistas em assessorias passaram a exercer atividades multimídias. Hoje, a tendência do mercado de trabalho sugere a atuação com outros setores, desenvolvendo um processo de comunicação integrada”.
Conteúdo específico:
O maior desafio do ensino de jornalismo está na formação técnica, acadêmica e profissional. Para Eduardo Meditsch, coordenador do mestrado de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “ensinar para a prática não é formar para o primeiro emprego, mas formar para toda uma vida profissional [...] e cuja base de conhecimento necessária estará em mutação permanente”.
Compreender a realidade e pensar a prática na questão curricular leva às perguntas: Como estabelecer o elo entre teoria e prática profissional no projeto pedagógico? Por que introduzir o conteúdo comunicação corporativa no ensino do jornalismo?
O novo panorama da sociedade e do mercado de trabalho exige novas competências e áreas híbridas de conhecimento. Muitos pesquisadores da comunicação social defendem uma formação que privilegie a atuação do profissional e suas práticas, estabelecendo uma relação entre o ensino e o mercado de trabalho.
Mas como formar jornalistas para essa nova realidade? Associar jornalismo apenas à mídia trata-se de uma concepção míope, uma vez que o jornalista atua na difusão da informação em diferentes meios e organizações.
Habilitar o graduando para este novo enfoque, a comunicação corporativa, requer formação flexível e adequada ao mercado, dinâmica e em permanente mutação, em função dos avanços das tecnologias de informação e comunicação, competitividade e globalização das relações.
Aliás, no futuro, quem atuará na comunicação corporativa não será o jornalista nem o relações públicas, mas sim o profissional de comunicação.
Referências:
DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia. São Paulo: Atlas, 2002.
KUNSCH, Margarida. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003.
MEDITSCH, Eduardo. A formação para a práxis profissional do jornalista: uma experiência brasileira inspirada em Paulo Freire. Comunicação e Sociedade, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 23-38, 2004. Disponível aqui. Acesso em: 22 mar. 2009.
Fonte: Por Aldo Antonio Schmitz, in www.nosdacomunicacao.com
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