Em palestra para executivos brasileiros, Alvin Toffler conecta mudanças no mundo dos negócios a transformações mais profundas na sociedade. A seguir, um resumo de suas idéias principais.
Revolução mais que industrial
"Há três séculos, a economia da Inglaterra migrou da agricultura para a indústria. A chamada revolução industrial foi bem mais do que isso: ela transformou completamente a estrutura familiar, a cultura, a religião e, por fim, a civilização como a conhecemos hoje. A migração do homem do campo para as cidades e o trabalho nas fábricas criou um novo modo de vida, fazendo com que a transformação econômica passasse a fazer parte de um processo revolucionário bem maior."
Dos músculos ao cérebro
"Tão impactante quanto a Revolução Industrial no século 18 foi a revolução que Heidi e eu chamamos de 'A Terceira Onda' e que dá nome ao nosso livro. Ela nada mais é do que o resultado numa mudança nos meios de produção. Primeiro tivemos uma revolução agrícola, depois a industrial, e, na seqüência, a revolução do conhecimento. O principal meio de produção já não são os músculos, mas sim o cérebro. E isso sepulta o industrialismo e nos leva a um mundo com novas convicções, atitudes, éticas e empregos. A terceira onda fomentou uma nova civilização — a atual — que será responsável por revolucionar os meios de produção de riqueza."
Não há escassez de conhecimento
"Falamos em riqueza revolucionária calcados na certeza de que o nosso meio de produção tem uma diferença fundamental em relação aos dos momentos anteriores: ele não é escasso e não se exaure ao ser compartilhado. Pelo contrário: quanto mais se dissemina o conhecimento, mais poderoso ele tende a ser. E isso é inédito. Compartilhar não era palavra de ordem no meio rural ou numa linha de produção. Com o conhecimento é diferente. Temos todo interesse em torná-lo disponível. O conhecimento é intangível. Idéias simples podem produzir mudanças enormes. Pensemos no Yahoo, por exemplo. Ou mesmo no Google. Ao compartilhar o conhecimento, também o fazemos crescer. É que idéias amam outras idéias. O conhecimento se apaixona por ele mesmo e produz muitos frutos. Quanto mais ele circula, mas 'promíscuo' fica."
Conhecimento é velocidade
"Por crescer e se transformar ao ser compartilhado, o crescimento também promove uma mudança de ritmo. As mudanças ocorrem num tempo cada vez menor e, a cada dia, a velocidade com que as transformações ocorrem acelera. O fato de sermos seres multitarefa, que executam diversas atividades ao mesmo tempo é um reflexo claro desse impulso à velocidade trazido pela economia da informação. Um estudo da consultoria McKinsey mostra que esse ritmo também se reflete na economia. Hoje, os ativos financeiros crescem numa velocidade bem superior à da produção, fazendo com que o tamanho do mercado financeiro de um país seja muitas vezes maior do que o de seu Produto Interno Bruto."
Desmassificação = diversidade
"Uma das principais características da revolução no modo de produzir riqueza é o movimento de desmassificação que se torna cada vez mais intenso. Temos hoje uma diversidade de produtos impensável há um século. E essa diversidade é um reflexo — e também um fator de estímulo — do declínio nos meios de produção de massa. Hoje, variedade e mudança são mais baratas do que no passado. O consumidor não aceita a uniformidade. Essa diversificação ocorre não apenas no mundo do consumo e da produção. Ela já pode ser verificada na estrutura das famílias. Antes, havia um único modelo possível de núcleo familiar: pai, mãe, filhos. Hoje há famílias formadas por duas mães ou dois pais, há casais que criam filhos de outros cônjuges em conjunto com os que têm posteriormente e até mesmo os casais sem filhos são considerados como famílias. É a desmassificação estendendo seus tentáculos."
Implosão das fronteiras
"A aceleração das mudanças e a desmassificação da produção e da cultura produzem uma sociedade infinitamente mais complexa. Temos hoje um superávit de complexidade, mas somos incapazes de medí-lo porque não dispomos de ferramentas ou de métricas para fazê-lo. Ainda não somos capazes de avaliar os efeitos implícitos dessa maior complexidade. Para isso, temos de transformar estruturas que foram criadas para atender às necessidades de uma cultura de massa. Empresas divididas em departamentos ficarão engessadas demais para reconhecer e atender aos anseios do novo consumidor. São fronteiras cujo destino inevitável é a implosão."
Educação: o passo definitivo
"Nossas escolas tradicionais não passam de uma linha de produção de conhecimento. Elas não nos servem mais. Elas não são capazes de formar indivíduos inovadores, que reconhecem que o fracasso é parte do processo de produção de riqueza. De todos os passos necessários a uma revolução efetiva, a transformação do modelo educacional é o mais crítico. É também a parte mais difícil do processo. Mas está em curso. Estamos criando um sistema de riqueza revolucionária em que a geração de valor está tanto nas mãos de quem produz quanto de quem consome. Pouco a pouco vamos criando também uma nova civilização para acompanhá-lo."
Fonte: Por Camila Hessel, in epocanegocios.globo.com
Revolução mais que industrial
"Há três séculos, a economia da Inglaterra migrou da agricultura para a indústria. A chamada revolução industrial foi bem mais do que isso: ela transformou completamente a estrutura familiar, a cultura, a religião e, por fim, a civilização como a conhecemos hoje. A migração do homem do campo para as cidades e o trabalho nas fábricas criou um novo modo de vida, fazendo com que a transformação econômica passasse a fazer parte de um processo revolucionário bem maior."
Dos músculos ao cérebro
"Tão impactante quanto a Revolução Industrial no século 18 foi a revolução que Heidi e eu chamamos de 'A Terceira Onda' e que dá nome ao nosso livro. Ela nada mais é do que o resultado numa mudança nos meios de produção. Primeiro tivemos uma revolução agrícola, depois a industrial, e, na seqüência, a revolução do conhecimento. O principal meio de produção já não são os músculos, mas sim o cérebro. E isso sepulta o industrialismo e nos leva a um mundo com novas convicções, atitudes, éticas e empregos. A terceira onda fomentou uma nova civilização — a atual — que será responsável por revolucionar os meios de produção de riqueza."
Não há escassez de conhecimento
"Falamos em riqueza revolucionária calcados na certeza de que o nosso meio de produção tem uma diferença fundamental em relação aos dos momentos anteriores: ele não é escasso e não se exaure ao ser compartilhado. Pelo contrário: quanto mais se dissemina o conhecimento, mais poderoso ele tende a ser. E isso é inédito. Compartilhar não era palavra de ordem no meio rural ou numa linha de produção. Com o conhecimento é diferente. Temos todo interesse em torná-lo disponível. O conhecimento é intangível. Idéias simples podem produzir mudanças enormes. Pensemos no Yahoo, por exemplo. Ou mesmo no Google. Ao compartilhar o conhecimento, também o fazemos crescer. É que idéias amam outras idéias. O conhecimento se apaixona por ele mesmo e produz muitos frutos. Quanto mais ele circula, mas 'promíscuo' fica."
Conhecimento é velocidade
"Por crescer e se transformar ao ser compartilhado, o crescimento também promove uma mudança de ritmo. As mudanças ocorrem num tempo cada vez menor e, a cada dia, a velocidade com que as transformações ocorrem acelera. O fato de sermos seres multitarefa, que executam diversas atividades ao mesmo tempo é um reflexo claro desse impulso à velocidade trazido pela economia da informação. Um estudo da consultoria McKinsey mostra que esse ritmo também se reflete na economia. Hoje, os ativos financeiros crescem numa velocidade bem superior à da produção, fazendo com que o tamanho do mercado financeiro de um país seja muitas vezes maior do que o de seu Produto Interno Bruto."
Desmassificação = diversidade
"Uma das principais características da revolução no modo de produzir riqueza é o movimento de desmassificação que se torna cada vez mais intenso. Temos hoje uma diversidade de produtos impensável há um século. E essa diversidade é um reflexo — e também um fator de estímulo — do declínio nos meios de produção de massa. Hoje, variedade e mudança são mais baratas do que no passado. O consumidor não aceita a uniformidade. Essa diversificação ocorre não apenas no mundo do consumo e da produção. Ela já pode ser verificada na estrutura das famílias. Antes, havia um único modelo possível de núcleo familiar: pai, mãe, filhos. Hoje há famílias formadas por duas mães ou dois pais, há casais que criam filhos de outros cônjuges em conjunto com os que têm posteriormente e até mesmo os casais sem filhos são considerados como famílias. É a desmassificação estendendo seus tentáculos."
Implosão das fronteiras
"A aceleração das mudanças e a desmassificação da produção e da cultura produzem uma sociedade infinitamente mais complexa. Temos hoje um superávit de complexidade, mas somos incapazes de medí-lo porque não dispomos de ferramentas ou de métricas para fazê-lo. Ainda não somos capazes de avaliar os efeitos implícitos dessa maior complexidade. Para isso, temos de transformar estruturas que foram criadas para atender às necessidades de uma cultura de massa. Empresas divididas em departamentos ficarão engessadas demais para reconhecer e atender aos anseios do novo consumidor. São fronteiras cujo destino inevitável é a implosão."
Educação: o passo definitivo
"Nossas escolas tradicionais não passam de uma linha de produção de conhecimento. Elas não nos servem mais. Elas não são capazes de formar indivíduos inovadores, que reconhecem que o fracasso é parte do processo de produção de riqueza. De todos os passos necessários a uma revolução efetiva, a transformação do modelo educacional é o mais crítico. É também a parte mais difícil do processo. Mas está em curso. Estamos criando um sistema de riqueza revolucionária em que a geração de valor está tanto nas mãos de quem produz quanto de quem consome. Pouco a pouco vamos criando também uma nova civilização para acompanhá-lo."
Fonte: Por Camila Hessel, in epocanegocios.globo.com
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