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Ele odeia emails

Quem acompanha este blog já sabe que estou participando de um ciclo de seis palestras semanais na Casa do Saber batizado Grandes Executivos (quem não sabia, bem, está sabendo agora...). O protagonista do encontro de ontem foi Roger Agnelli, o todo-poderoso presidente da Vale, uma das maiores mineradoras do planeta. Agnelli é provavelmente o executivo brasileiro mais conhecido no exterior. Como ele mesmo gosta de dizer, quando a Vale aumenta o preço de seus minérios mexe com a balança de pagamentos de vários países do mundo. Só para dar uma medida do tamanho da companhia que ele dirige, graças à crise mundial, até sexta passada a Vale tinha perdido 70 bilhões de reais em valor de mercado. Ontem, com a alta da bolsa, conseguiu recuperar, num só dia, 20 bilhões de reais de valor de mercado. "Estou menos pobre. Vocês não imaginam o que sofri na semana passada", disse ele à platéia, em tom de brincadeira.

Apesar da "megalomania" da Vale Agnelli falou sobre coisas que afligem não apenas executivos de grandes companhias, mas qualquer um que esteja ligado ao mundo dos negócios. Admitiu, por exemplo, que sofre quando não tem um estímulo no trabalho. "Quando não tenho desafio fico deprimido, tenho síndrome do pânico", disse ele. Uma de suas revelações mais curiosas foi sobre sua relação com emails. Ele contou que logo que assumiu a presidência da Vale começou a receber uma avalanche de correspondências eletrônicas. Quando fez as contas, estava recebendo 580 emails por mês. Responder tudo exigia que ele ficasse até de madrugada na frente da tela. Um dia deu um basta. Fechou o computador e só foi abri-lo de volta dois anos depois. Isso mesmo: dois anos depois. Durante esse período, suas assistentes se encarregavam de filtrar as mensagens importantes e de falar apenas sobre elas para Roger.

Paralelamente, ele tratou de instruir o pessoal da empresa para que usasse o email com mais parcimônia. "As pessoas acham que é possível tomar decisões por email, mas não dá. Nada substitui uma conversa", disse Agnelli. Para o executivo, muita gente também manda email como forma de transferir seus problemas para outras pessoas.
Eu não recebo tantos emails quanto Agnelli, claro. Mas confesso que essa correspondência me irrita também (hoje quando voltei do almoço havia 34 mensagens no meu computador e apenas 2 eram de fato relevantes). O problema é que não posso fechar minha caixa postal como ele por dois anos...

Você também recebe uma avalanche de emails? Como lida com isso?

P.S. Se quiser ler os posts sobre as palestras de Nildemar Secches (Perdigão), Antonio Maciel Neto (Suzano) e Fábio Barbosa (Grupo Santander), que antecederam Agnelli no ciclo de palestras, clique aqui, aqui e aqui.


Fonte: Por Cristiane Correa, Blog Por Dentro das Empresas, in portalexame.abril.com.br

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