Pular para o conteúdo principal

O delicado diálogo com o consumidor digital

Não é fácil deixar o corporativismo de lado e partir para um diálogo por vezes tortuoso com o novo consumidor da era digital. Muitas marcas estão aprendendo a fazê-lo com o dissabor dos erros.

Um dos defensores da necessidade das empresas intensificarem o diálogo com os consumidores é Joseph Jaffe, presidente da Crayon. Antes de fundar a consultoria estratégica com foco em novas mídias, ele foi diretor de mídia interativa da TBWA\Chiat\Day e da OMD USA. Sua tese está amplamente defendida no best-seller Join the Conversation, já traduzido para o português.

Em apresentação na DMA 2008, conferência e exibição anual da Direct Marketing Association, que aconteceu em Las Vegas, Jaffe deu a sua receita básica para as marcas melhorarem a fluência na conversa digital. "É preciso atuar com base no 'tripé H': humanidade, humildade e humor", defendeu.

Para Jaffe, a proliferação das redes sociais modificou totalmente o modelo de marketing direto eficiente. O que antes era "one-to-one" agora é "many-to-many". "O many-to-many é muito mais complexo", avisa, defendendo que o marketing direto se imponha como via para a conexão entre os muitos pontos atualmente disponíveis (blogs, podcasts, RSS, mídia interativa, celulares...). "As grandes campanhas de massa têm um grande silêncio como resposta", provocou.

Entretanto, Jaffe sabe que os riscos do dialogo não evoluir são muitos. Segundo ele, para que isso não ocorra o marketing direto precisa usar com inteligência as muitas ferramentas disponíveis para lidar com as mídias sociais. "A mensagem pode ser esquecida por falta de relevância ou pode simplesmente se perder na multidão", alertou.

Para ele, um bom começo seria as marcas se conscientizarem de que precisam estabelecer conexões transparentes e respeitar os consumidores. Depois, diante de um menu cada vez mais extenso, que permite combinações infinitas, Jaffe sugere que se de um passo de cada vez. "A partir do nascimento de uma pequena idéia pode-se criar pequenas conexões que se multiplicam", acredita.

Jaffe também recomenda que as empresas não tenham medo de testar possibilidades, sustentando que só atinge a inovação quem passa pela experimentação. "Este é o momento de experimentar. O futuro começa agora. As marcas precisam se redefinir, baseando-se no eco que vem do relacionamento com seus consumidores", incita.

Segundo sua previsão, o diálogo se tornará algo tão importante para as companhias que no futuro elas precisarão de um CCO - Chief Conversation Officer.

Para ilustrar sua apresentação, Jaffe citou dois exemplos: um que mostra o quão negativa pode ser a falta de diálogo e outro que aponta um dos possíveis caminhos a serem seguidos pelas marcas.

O exemplo ruim vem de uma experiência do próprio Jaffe, que resolveu retratar em seu blog o desconforto de um vôo da Delta Airlines entre Nova York e São Paulo. O post inicial acabou gerando a campanha "Delta Skelter", com desdobramentos no YouTube e nas buscas pelo nome da companhia no Google.

Já o caso positivo de como ouvir os consumidores e aprender com eles vem do projeto IdeaStorm, da Dell, que não só rendeu boas sugestões à empresa como gerou repercussão positiva na mídia.


Fonte: Por Alexandre Zaghi Lemos, in www.meioemensagem.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS