Pular para o conteúdo principal

Cluster: o bom e velho relacionamento

Vamos começar esclarecendo que cluster é uma palavra de origem inglesa. Numa definição genérica, é um grupo de empresas que exerce atividades semelhantes e se desenvolve conjuntamente. Assim sendo, o conceito sugere a idéia de junção, união, agregação, integração.

Cluster se torna uma fonte contínua de conhecimento, pois há mais integração entre fornecedores, clientes e comunidade, pois incluem em uma região, indústrias e instituições com ligações estreitas ou forte complementaridade, pois clusters são formados apenas quando os aspectos setorial e geográfico estão presentes.

As fronteiras de um cluster devem refletir a realidade econômica e não necessariamente as fronteiras políticas e administrativas. A vantagem da aposta está na forma diferenciada de organizar a cadeia de valores que estimula o relacionamento e a comunicação entre empresas a atuarem sinergicamente sob um mesmo direcionamento estratégico. Tal competitividade manifesta-se a fim de aumentar a produtividade, potencializar a inovação, estimular a formação de novos negócios, criar postos de trabalho qualificados, gerar emprego e criar riquezas. Outra vantagem é que, independentemente das ações do governo, o desenvolvimento das empresas está nas mãos de quem produz e na força dos elos da cadeia produtiva.

Do ponto de vista operacional, o agrupamento de empresas é a forma que o esforço pelo desenvolvimento econômico e social vem assumindo no mundo inteiro, tanto nos países industrializados, como nos países em fase de industrialização. Muitos países e regiões ao redor do mundo estão promovendo o desenvolvimento de clusters em resposta à economia globalizada em mutação. Aqui em Curitiba temos como exemplo a Rua Tefé - calçados, Carlos de Carvalho - móveis de luxo e design, Getúlio Vargas – cozinhas, Mateus Leme – restaurantes de frutos do mar, e 24 de Maio – eletroeletrônicos. Abrangendo um pouco mais Curitiba concentra empresas de software, Loanda – materiais sanitários, Cianorte – confecção, Cascavel e Toledo - equipamentos e implementos agrícolas.

Um dos pontos importantes nos casos de clusters bem sucedidos é que estes funcionem como eixos de desenvolvimento em suas regiões, e isso diz respeito à sua composição em termos de empresas, assim como à forma que elas se relacionam. Embora envolvidas num mesmo negócio, as empresas sabem que não poderão sobreviver se ficarem sozinhas num negócio que depende de cooperação e de inovação para se desenvolver.
Com isso, abandona-se o conceito de macro região, para organizar o processo de desenvolvimento em bases locais, a partir de um conjunto de atividades a serem desenvolvidas em regime de parceria e cooperação entre a sociedade e o Estado.

A maioria dos benefícios de um cluster flui a partir das relações pessoais, que facilitam as ligações, promovem a comunicação aberta e facilitam confiança mútua. Informação é essencial à produtividade. Relacionamentos promovem o seu fluxo, ancoram, e fortalecem ainda a rede depois do projeto implantado. Estimular comunicações é a essência do sucesso da iniciativa de se implantar um cluster. Facilitadores neutros podem, muitas vezes, ajudar onde a confiança mútua ainda não se instalou e os relacionamentos são ainda incipientes. No início, maiores esforços são requeridos para assegurar comunicação regular, tanto interna quanto externamente. Os êxitos alcançados devem sem amplamente divulgados.

Diagnóstico e visão do futuro devem sem combinados com passos firmes e concretos. Condutores fortes e experientes são necessários, tanto por parte da iniciativa privada quanto da representação governamental. A liderança de empreendedores e o envolvimento de formadores de opinião caracterizam virtualmente o sucesso da iniciativa.

O desenvolvimento e a consolidação de um cluster são processos de longo prazo. Para o administrador de empresas é um grande desafio, pois as influências externas não apenas incidem no nível dos custos ou da produtividade, como também na velocidade das mudanças e no ritmo de incremento da produtividade. Na consolidação de um cluster, torna-se prioritária uma política de comunicação aberta, na qual prevaleça a confiança entre os participantes para a administração dos conflitos internos que possam surgir. Assim o administrador pode estar preparado para saber lidar com todos os problemas, principalmente o relacionamento e a comunicação que são os principais fatores de sucesso.


Fonte: Por Nelize Zymberg, in www.jornaldacomunicacao.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS