Ter uma boa estratégia é, sem dúvida, uma necessidade básica para qualquer empresa. Mas como se pode evitar que as soluções propostas para enfrentar os - novos e velhos - problemas não sejam, apenas, mais do mesmo? Isso depende da capacidade dos profissionais de olharem os impasses do negócio de maneira inovadora. Mas, ao mesmo tempo que parece ser plausível, essa não é uma solução fácil de ser colocada em prática. Afinal, o ser humano tende a reagir de modo padronizado aos impasses, o que dificulta o desenvolvimento de idéias inovadoras no confronto com situações difíceis.
Para fugir dessa armadilha na gestão corporativa, José Leão de Carvalho, presidente e fundador do Instituto Latino-Americano de Ciências Cognitivas e Estratégia (Ilace), garante que o executivo precisa aprender a "expandir o seu pensar". Com este objetivo, Carvalho desenvolveu a "criatégia", metodologia que funde técnicas relacionadas aos processos criativos e ao pensamento estratégico.
O método, garante, tem a capacidade de gerar um "pensar transformado" nas pessoas. "O pensamento tem uma natureza lúdica", afirma o professor. "Mas veja como são feitos os trabalhos acadêmicos hoje. Não tenho dúvida de que [o filósofo alemão] Nietzsche e [o psicanalista] Freud seriam recusados por qualquer faculdade atual", comenta Carvalho.
Segundo ele, não há nas instituições de ensino mais espaço para o pensar, mas apenas para a citação. "A elegância da tese acadêmica é ser subserviente", analisa.
Foi com base em percepções audaciosas como essa que Carvalho desenvolveu sua metodologia. Conforme o professor, a criatégia ajuda os executivos na medida em que faz com que eles retornem para suas empresas vendo a realidade do negócio de um modo completamente diferente.
Pensamentos flexíveis O executivo Claudio Makarovsky, diretor de conta da Emerson, empresa de soluções de engenharia e que fatura, anualmente, US$ 22 bilhões, é um entusiasta da criatégia. Para ele, os gestores são geralmente lineares, e a metodologia ajuda a mudar essa situação.
Makarovsky conta que a metodologia o auxiliou a enfrentar um desafio: transformar o cliente mais difícil do mercado no melhor cliente da Emerson no Brasil. "Aplicamos a técnica e nos perguntamos como poderíamos enfrentar esse desafio?. Decidimos começar o trabalho por ações periféricas", conta. "Hoje, esse cliente é responsável por 50% das vendas da Emerson, sendo que antes ele contribuía com menos de 10%", revela, preferindo omitir o nome da empresa em questão. "Se tivéssemos seguido a receita de bolo, não teríamos saído do bê-a-bá."
Para Carvalho, os profissionais latinos-americanos e os brasileiros têm muita dificuldade em "flexibilizar o pensar" em qualquer campo. "Isso vem do autoritarismo e do orgulho de manter convicções", supõe. O professor conta que a criatégia foi desenvolvida a partir de experiências empíricas norte-americanas sobre como a alternância da divergência e da convergência, que conseguem "amolecer" as dificuldade que um sujeito ou grupo tem em pensar uma situação de modo novo.
Esse tipo de ferramenta, por exemplo, é a base da técnica do brainstorm, criada pelo publicitário norte-americano Alex Osborn. "As ferramentas da divergência e convergência começaram a ser usada na segunda metade de década de 1950 e amadureceram nos anos 1970. Aqui no Brasil nós a ampliamos nos últimos 29 anos, com a fundação do Ilace", conta Carvalho.
Atuação sobre processos Outro profissional que faz uso da criatégia no dia-a-dia corporativo é Gilvan Azevedo, ex-vice-presidente da América Latina na área de bebidas e atual diretor global de marketing estratégico da Firmenich. Para o executivo, que desde abril do ano passado trabalha na sede da companhia, em Genebra, na Suíça, o diferencial da criatégia é que a metodologia atua sobre os processos, não sobre os produtos. "Imagine que você tem um problema: a forma como você pensa sobre ele é o processo, o pensamento é o produto", exemplifica.
As técnicas são relevantes não apenas para enfrentar questões empresariais, mas também para lidar com desafios pessoais, como tomar decisões relacionadas à carreira. Azevedo conta que há pouco tempo fez alguns exercícios envolvendo as técnicas aprendidas. Começou indagando-se quais eram os seus desafios profissionais. "Fiz um lista de 50 ou mais itens. Foi uma etapa solta e criativa", explica. O segundo passo envolveu um exercício de crítica, que visou identificar o desafio principal. Isso permitiu a elaboração de um objetivo, que era a reinvenção da sua atuação profissionais. Na seqüência, ele estabeleceu quais resultados concretos desejava alcançar. "Percebi que o meu objetivo era conseguir viver aquilo que eu chamo de meu dia típico. Para mim, o desafio era reinventar minha vida profissional para adequá-la a essa finalidade. Saberei que cheguei ao meu objetivo quando isso acontecer", esclarece. Outro aspecto da metodologia destacado por Azevedo é que ela tem foco no futuro, uma característica herdada da heurística.
O curso básico de criatégia tem uma duração de cinco dias, com um total mínimo de 60 horas. Segundo Carvalho, o objetivo é "destrinchar" os processo e atitudes mentais do participantes. "Nas primeiras 10 horas do curso auxiliamos a pessoa a transitar por seus hábitos mentais para que ela possa, posteriormente, experimentar outros modelos", conclui.
Fonte: Por João Paulo Freitas, in Gazeta Mercantil
Para fugir dessa armadilha na gestão corporativa, José Leão de Carvalho, presidente e fundador do Instituto Latino-Americano de Ciências Cognitivas e Estratégia (Ilace), garante que o executivo precisa aprender a "expandir o seu pensar". Com este objetivo, Carvalho desenvolveu a "criatégia", metodologia que funde técnicas relacionadas aos processos criativos e ao pensamento estratégico.
O método, garante, tem a capacidade de gerar um "pensar transformado" nas pessoas. "O pensamento tem uma natureza lúdica", afirma o professor. "Mas veja como são feitos os trabalhos acadêmicos hoje. Não tenho dúvida de que [o filósofo alemão] Nietzsche e [o psicanalista] Freud seriam recusados por qualquer faculdade atual", comenta Carvalho.
Segundo ele, não há nas instituições de ensino mais espaço para o pensar, mas apenas para a citação. "A elegância da tese acadêmica é ser subserviente", analisa.
Foi com base em percepções audaciosas como essa que Carvalho desenvolveu sua metodologia. Conforme o professor, a criatégia ajuda os executivos na medida em que faz com que eles retornem para suas empresas vendo a realidade do negócio de um modo completamente diferente.
Pensamentos flexíveis O executivo Claudio Makarovsky, diretor de conta da Emerson, empresa de soluções de engenharia e que fatura, anualmente, US$ 22 bilhões, é um entusiasta da criatégia. Para ele, os gestores são geralmente lineares, e a metodologia ajuda a mudar essa situação.
Makarovsky conta que a metodologia o auxiliou a enfrentar um desafio: transformar o cliente mais difícil do mercado no melhor cliente da Emerson no Brasil. "Aplicamos a técnica e nos perguntamos como poderíamos enfrentar esse desafio?. Decidimos começar o trabalho por ações periféricas", conta. "Hoje, esse cliente é responsável por 50% das vendas da Emerson, sendo que antes ele contribuía com menos de 10%", revela, preferindo omitir o nome da empresa em questão. "Se tivéssemos seguido a receita de bolo, não teríamos saído do bê-a-bá."
Para Carvalho, os profissionais latinos-americanos e os brasileiros têm muita dificuldade em "flexibilizar o pensar" em qualquer campo. "Isso vem do autoritarismo e do orgulho de manter convicções", supõe. O professor conta que a criatégia foi desenvolvida a partir de experiências empíricas norte-americanas sobre como a alternância da divergência e da convergência, que conseguem "amolecer" as dificuldade que um sujeito ou grupo tem em pensar uma situação de modo novo.
Esse tipo de ferramenta, por exemplo, é a base da técnica do brainstorm, criada pelo publicitário norte-americano Alex Osborn. "As ferramentas da divergência e convergência começaram a ser usada na segunda metade de década de 1950 e amadureceram nos anos 1970. Aqui no Brasil nós a ampliamos nos últimos 29 anos, com a fundação do Ilace", conta Carvalho.
Atuação sobre processos Outro profissional que faz uso da criatégia no dia-a-dia corporativo é Gilvan Azevedo, ex-vice-presidente da América Latina na área de bebidas e atual diretor global de marketing estratégico da Firmenich. Para o executivo, que desde abril do ano passado trabalha na sede da companhia, em Genebra, na Suíça, o diferencial da criatégia é que a metodologia atua sobre os processos, não sobre os produtos. "Imagine que você tem um problema: a forma como você pensa sobre ele é o processo, o pensamento é o produto", exemplifica.
As técnicas são relevantes não apenas para enfrentar questões empresariais, mas também para lidar com desafios pessoais, como tomar decisões relacionadas à carreira. Azevedo conta que há pouco tempo fez alguns exercícios envolvendo as técnicas aprendidas. Começou indagando-se quais eram os seus desafios profissionais. "Fiz um lista de 50 ou mais itens. Foi uma etapa solta e criativa", explica. O segundo passo envolveu um exercício de crítica, que visou identificar o desafio principal. Isso permitiu a elaboração de um objetivo, que era a reinvenção da sua atuação profissionais. Na seqüência, ele estabeleceu quais resultados concretos desejava alcançar. "Percebi que o meu objetivo era conseguir viver aquilo que eu chamo de meu dia típico. Para mim, o desafio era reinventar minha vida profissional para adequá-la a essa finalidade. Saberei que cheguei ao meu objetivo quando isso acontecer", esclarece. Outro aspecto da metodologia destacado por Azevedo é que ela tem foco no futuro, uma característica herdada da heurística.
O curso básico de criatégia tem uma duração de cinco dias, com um total mínimo de 60 horas. Segundo Carvalho, o objetivo é "destrinchar" os processo e atitudes mentais do participantes. "Nas primeiras 10 horas do curso auxiliamos a pessoa a transitar por seus hábitos mentais para que ela possa, posteriormente, experimentar outros modelos", conclui.
Fonte: Por João Paulo Freitas, in Gazeta Mercantil
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