Pular para o conteúdo principal

Os pequenos contra os gigantes

“Como podem existir pelo mundo 22 milhões de crianças até seis anos com sobrepeso?”. Essa é a pergunta da campanha Junk Food Generation, mantida pela Consumers International (CI). E o principal culpado, segundo a CI, única organização global e independente de defesa dos consumidores, é nada menos que o marketing praticado pelas gigantes Coca-Cola, Kellogg’s, KFC, McDonalds, PepsiCo e Nestlé. “Parem o marketing de junk food a crianças”, levanta a bandeira.

A pesquisa “The Junk Food Trap” realizada pela organização na Ásia revelou “como marcas multinacionais estão usando persuasivas técnicas de marketing para influenciar as preferências de crianças e adolescentes”. Membros da CI em Fiji, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Nepal, Filipinas e Tailândia ficaram de olho nos movimentos de seis gigantes: Coca-Cola, Kellogg’s, KFC, McDonalds, PepsiCo e Nestlé. “Descobrimos que essas empresas ignoram as legislações nacionais e anunciam seus produtos não-saudáveis a crianças de forma inescrupulosa”, diz o relatório da pesquisa, disponível em seu site.

O discurso da CI está longe de ser amigável. Definitivamente, partiram para o ataque. “Mostramos no estudo como as crianças na Ásia estão presas na armadilha do marketing do junk food”. Esse marketing vai desde sofisticadas promoções na internet a apelos e endossos de celebridades e personagens infantis. Na visão da CI é essa intrincada rede de ações de marketing voltada ao público infantil que está tornando as crianças reféns de dietas ricas em gordura, sal e açúcar, o que tem contribuído para as taxas discrepantes de crianças com sobrepeso na região.

Apenas no sul da Ásia, presume-se que a porcentagem de crianças clinicamente obesa crescerá 27,5% entre 2005 e 2010 – um crescimento mais rápido do que o observado em qualquer parte do mundo. Entre as explicações para isso, estão as ações de marketing com enorme adesão - na Malásia, por exemplo, o KFC’s Chicky Club (um clube de vantagens para crianças) já conta com 58 mil membros – e níveis inadequados de açúcar e gordura nos alimentos oferecidos por estas redes: o Kellogg’s Frostie’s, segundo o estudo, contém nada mais que 41g de açúcar numa porção de 100g (15g já é considerado alto); o Milo Energy Bar da Nestlé com seus 25g de gordura saturada para uma porção de 100g está bem acima dos 5g recomendados (que já é considerado alto para a UK Food Standards Agency). A culpa, segundo o estudo é também da falta de vigilância das agências regulatórias destes países, o que inclui a completa ausência de informações nutricionais nas embalagens na Índia ou a quase inexistência de leis sobre esse aspecto no Nepal. “As empresas estão levando vantagem sobre as regulamentações falhas para promover seus alimentos não-saudáveis, algo que eles haviam prometido não usar em países ricos”, diz Indrani Thuraisingham, responsável pelo escritório da Consumers International na Ásia.

Na contramão
Se por um lado a CI comprou briga com gigantes , do outro pequenas redes com propostas diferenciadas começam a surgir – e a crescer. O que dizer da rede nova-iorquina Kidfresh que oferece o sonho de toda mãe: comida saudável e divertida, com rapidez? A loja oferece comidas prontas, numa combinação de alimentos naturais, frescos e orgânicos (conservantes, gordura trans e colorantes artificiais estão banidos), com uma apresentação divertida (alimentos com cortes divertidos como pães no formato de barco), em diversos tamanhos e porções dependendo da faixa etária – tem desde os lanchinhos e café da manhã até refeições completas. Se a proposta é boa, estrategicamente, a Kidfresh também está bem amparada.

uas 15 lojas estão em espaços como a famosa loja de brinquedos nova-iorquina FAO Schwarz, no aeroporto JFK e em unidades do “mercado verde” Whole Foods. Focando num público de alta demanda para alimentação rápida-saudável, a rede pretende, até 2019, ter mais de 50 lojas.


Fonte: Por Ticiana Werneck, in www.consumidormoderno.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS