Pular para o conteúdo principal

Fazemos bem aquilo que tem a ver conosco

Trabalhar em algo que tenha correlação com as características mais marcantes de cada um deveria ser a meta de todo empresário e executivo. Isto parece, ao mesmo tempo, óbvio e utópico. Óbvio porque somos mais felizes fazendo o que gostamos; e utópico porque ninguém consegue fazer apenas o que gosta. Mas deveria tentar!

Amigos me contaram que, em seus cursos de teatro, o ator e diretor Miguel Falabella comenta: "É muito difícil esconder a bola debaixo da água na piscina para sempre. Uma hora ela escapa e é aquele papelão". Não só concordo completamente com ele, como tento ajudar meus clientes e candidatos se entenderem melhor, para que possam, em primeiro lugar, criar metas pessoais e, depois, atingi-las.

Recentemente, recebi a visita de um famoso empresário da moda no País. Ele estava preocupado com o resultado das vendas e acreditava que, contratando um novo diretor comercial, poderia solucionar um período de receitas abaixo das auspiciosas expectativas do negócio.

Após dez dias de análise e de um trabalho profundo de inteligência de mercado, veio a conclusão: existia, sim, um problema na estrutura comercial da empresa, mas o cerne do não estava ali. No intuito de não perder a chance de crescer em um mercado fortemente aquecido nos últimos anos, nosso empreendedor abandonou aquilo que fazia melhor e mais feliz - montar prestigiadas coleções de roupas -, característica sua, inata, e já reconhecida pelo mercado, para se dedicar à gestão de processo internos operacionais e desgastantes. Como resultado, além dele não ser bem-sucedido na coordenação destes processos e de não dedicar seu tempo precioso no que realmente conhecia e gostava de fazer acabou frustrado, estressado e fisicamente cansado.

A solução para o problema foi simples. Reestruturamos a empresa, para que ele pudesse se dedicar à sua principal missão de vida, dando-lhe o conforto de saber que alguém qualificado estaria fazendo, feliz e tecnicamente bem, aquilo que ele não queria, não gostava e não sabia fazer. O resultado real apareceu rapidamente, antes mesmo da contratação do novo diretor comercial. Na coleção seguinte, a empresa teve um crescimento de 28% em suas receitas, comparando com a anterior.

Gostaria de propor um exercício relativamente simples e que poderia ajudar aos amigos leitores na busca deste caminho: em uma folha de papel, escreva do lado superior esquerdo os principais projetos que realizou nos últimos anos. Não se preocupe com o gostar, mas com o realizar. Terminada esta primeira fase, escreva no lado superior direito as características pessoais que considera mais marcantes - marcantes mesmo! Aquelas que o ajudaram a sobreviver a tantas barreiras e desafios desde a juventude. Volte para o lado esquerdo da página e eleja aqueles projetos que mais o realizaram. Garanto que eles estão intimamente relacionados com as características pessoais eleitas do outro lado! Acredito que este filtro deveria ser o seu caminho. O caminho que irá realizá-lo em termos de resultado, qualidade de vida e felicidade.
Tendo um objetivo, agora a missão é sua. De buscar o máximo possível de aderência entre as oportunidades e escolhas que surgem em sua vida e fazer "aquilo que você é".


Fonte: Por Luiz Wever, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 11

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç