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Operadoras vêem filão na nova mídia

A velha máxima sobre quem veio antes - o ovo ou a galinha - vale para a implantação da TV digital no Brasil. Isto porque, para alguns, essa mídia não deslancha devido aos preços elevados dos aparelhos - televisores e conversores - , enquanto outros alegam que o valor é alto porque a oferta da tecnologia é pequena. Enquanto a digitalização não se massifica, no entanto, alguns setores esperam ganhar com a mídia. É o caso da TV por assinatura.

As empresas deste setor apostam na TV digital para alavancar negócios ao oferecer, por exemplo, a interatividade, que vai demorar a ser realidade nas redes abertas e canais com 100% da programação em imagem de alta definição - um dos benefícios da TV digital. Os operadores não acreditam também que possa haver uma competição entre a TV paga e a aberta - uma vez que parte dos assinantes é de pacotes básicos, por conta da imagem melhor dos canais pagos, diferença que diminuiria com a alta definição na aberta. As empresas não revelam quantos assinantes têm esses pacote. No caso da Net, por exemplo, trata-se do segmento que mais cresce.

"O fato de que muitos assistem à programação da TV aberta por meio na TV paga é real, mas isso não quer dizer que vão deixar de assinar porque a imagem da TV aberta melhorou", afirma Alexandre Annenberg, presidente-executivo da Associação Brasileira de TVpor Assinatura (ABTA). Segundo ele, a digitalização oferece uma série de outros serviços que, hoje, a TV aberta não tem, como a interatividade - depende de um canal de retorno. Na sua avaliação, a digitalização vai estimular ainda mais a assinatura da TV paga. "Não acredito em uma concorrência entre TV aberta e a TV por assinatura por conta da alta definição", afirma Agrício Neto, vice-presidente de Marketing e Programação da Sky. Neste momento, a operadora oferece o sistema digital standard. A partir do início de 2009 passará a oferecer o sistema digital em alta definição.

De acordo com Huber Pernal Filho, diretor da consultoria Teleco, as redes abertas precisarão ter cobertura nacional com a alta definição e, por conta disso, aquelas que atualmente têm problemas de imagem poderão continuar sem oferecer um bom serviço. Neste caso, ao invés do chuvisco aparecerá uma tela azul. Não existem estimativas de quantos dos 5,7 milhões de assinantes da TV paga são de pacotes básicos. As empresas têm oferecido, nestes pacotes, outros atrativos, como internet e telefone - a próxima a ofertar este serviço será a TVA. "A gente vê a TV digital como um impulsionador para a assinatura", afirma Dante Compagno Neto, gerente de Desenvolvimento de Negócios da TVA.

Márcio Carvalho, diretor de Produtos e Serviços da Net, diz que o investimento para o uso da TV digital - um codificador e um televisor LCD ou de plasma - é alto, o que restringe a popularização da tecnologia. "As pessoas que estão preparadas para a TV digital já investiram nos televisores e já têm TV por assinatura em casa", afirma. Para Pernal Filho, a massificação passará pelo custo do conversor. "Se tenho uma boa imagem analógica, para que vou mudar?"

Pernal Filho acrescenta que o modo como ocorre a interatividade hoje confere mais vantagens à TV paga que à aberta, devido à necessidade do canal de retorno. "Hoje, o conversor não tem a interatividade incorporada", afirma

Moris Arditti, vice-presidente do Fórum do Sistema Brasileira de Televisão Digital Terrestre (SBTVD) lembra que, toda tecnologia, logo que é lançada, é cara. No entanto, segundo ele, já houve um barateamento do conversor. "Quem podia comprar no início já tinha TV por assinatura. Então, a penetração ficou lenta", diz.
Na avaliação de Arditti, a partir do momento em que a TV digital apresentar atrativos mais "lúdicos", além da melhoria na imagem, haverá uma aceleração no desenvolvimento deste mercado. Ele cita como vantagens, além da interatividade, a mobilidade - poder ver a TV, por exemplo, do celular.

Na TVA, o conversor custa R$ 399, em regime de comodato - o valor pode ser dividido em até 10 vezes. A empresa não revela quantos assinantes já usam o sistema.
A Net informa que, durante as Olimpíadas as vendas de codificadores cresceram - apesar de não revelar os números. A operadora oferecia três canais digitais com a programação dos jogos. No quesito interatividade, a operadora oferece a compra do conteúdo pelo remoto e o guia eletrônico de programação - além d adesão ao HDMax - DVDR - por R$ 799 (parcelado em 10 vezes).

Programação
Enquanto não ocorre a massificação da TV digital, as operadoras por assinatura investem em canais 100% com alta definição. É o caso da TVAHD e da Globosat HD, na Net. "No início, a tendência é um canal específico com esta tecnologia, uma vez que o volume de produção ainda é baixo", afirma Compagno Neto. Ele lembra que o custo de transmissão da tecnologia é até quatro vezes maior. "Enquanto não houver a distribuição com volume, fica muito caro", conclui.

Pedro Garcia, diretor da Globosat HD, diz que, por enquanto, a empresa tem um canal 100% HD, mas a partir do primeiro semestre do ano que haverá também o Telecine HD. O canal tem cerca de seis horas de programação inédita em alta definição, repetidas ao longo do dia. A programação é composta por uma mistura entre o conteúdo dos canais Telecine, GNT, Multishow e Sport TV. Ele acredita que o caminho é este: primeiro canais com conjunto de programação e depois a transformação dos demais em alta definição. "De acordo com o crescimento do mercado HD ou do aumento do número de assinantes, haverá canais com grade própria em alta definição ".


Fonte: Por Neila Baldi, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6

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