Qual o tempo médio para que um executivo se recoloque no mercado de trabalho? A pergunta, recorrente entre aqueles que iniciam o processo de outplacement, não admite outra resposta senão um sonoro "depende". Vários são os fatores que influenciam tal prazo, porém um se destaca: a miopia que por vezes embaça a visão do mundo ao redor. O quadro se agrava sempre que o indivíduo fica refém de certos pressupostos ou de posições arraigadas e até inflexíveis. É uma atitude que impede o profissional de fazer da acurada interpretação da realidade uma aliada para a busca de novas possibilidades de trabalho e renda.
Ainda que as grandes corporações sejam responsáveis por apenas 20% da absorção da mão-de-obra, nove entre dez executivos sonham em se recolocar em uma renomada multinacional, concentrando todos os esforços e energia na empreitada. Isso ocorre mesmo com aqueles que, em função da fase de carreira ou da idade, estão longe de corresponder ao perfil priorizado por essas empresas. A nítida preferência pelos mais jovens, uma geração que chega com melhor preparo em termos de especializações e idiomas, parece ser um dado ignorado por quem não consegue enxergar as perspectivas existentes fora do glamouroso universo das "Melhores e Maiores".
Acredite: a massa das ofertas está mesmo nas médias, pequenas e microempresas, nicho que responde por 80% das vagas. Embora não tão conhecidas e talvez sem o mesmo "charme" das grandes organizações, essas companhias têm a oferecer exatamente o que o executivo em transição de carreira mais precisa: trabalho e remuneração. Libertar-se do peso exercido pelo sobrenome corporativo das estrelas do mercado, analisando as alternativas sem preconceito, pode descortinar um horizonte muito interessante de atuação e também de realização, especialmente para os mais seniores.
Empresas desse grupo são surpreendentes. Geralmente, os donos estão próximos, o que as diferencia enormemente daquelas em que os acionistas são anônimos. O poder de influir e a condição de efetivar projetos se ampliam, pois há mais proximidade do centro decisório. Cabelos brancos não são vistos como empecilho, mas sim valorizados pela capacidade de contribuir para o crescimento da organização. O jogo político tende a ser menos acentuado, e os processos seletivos, mais humanizados.
A experiência nessas estruturas menores se torna particularmente proveitosa para aqueles que planejam vôo solo no futuro, à frente de um negócio próprio. Além do recurso de conhecer com mais abrangência e propriedade os mecanismos de funcionamento de uma empresa, há o desenvolvimento de habilidades e competências como a multifuncionalidade, o que enriquece a bagagem profissional.
Por mais craque que seja, nenhum atleta permanece indefinidamente na seleção mundial. Faz parte da gestão da carreira a preparação para as novas fases, contemplando oportunidades interessantes em outras dimensões que não apenas a das grandes multinacionais. Não é preciso esperar o fim do contrato de trabalho para, só então, vislumbrar o mundo que existe além das maiores e melhores. A internet permite conhecer o que há de novo, acompanhar tendências e apurar o olhar para os nichos que podem ganhar importância nos próximos anos.
Proceder a essa leitura, não fechar os olhos para a realidade e atentar ao capital social, nutrindo a rede de relacionamentos, são providências essenciais para dar vida longa à trajetória profissional, com mais chances de prazer e realização.
Fonte: Por José Augusto Minarelli, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
Ainda que as grandes corporações sejam responsáveis por apenas 20% da absorção da mão-de-obra, nove entre dez executivos sonham em se recolocar em uma renomada multinacional, concentrando todos os esforços e energia na empreitada. Isso ocorre mesmo com aqueles que, em função da fase de carreira ou da idade, estão longe de corresponder ao perfil priorizado por essas empresas. A nítida preferência pelos mais jovens, uma geração que chega com melhor preparo em termos de especializações e idiomas, parece ser um dado ignorado por quem não consegue enxergar as perspectivas existentes fora do glamouroso universo das "Melhores e Maiores".
Acredite: a massa das ofertas está mesmo nas médias, pequenas e microempresas, nicho que responde por 80% das vagas. Embora não tão conhecidas e talvez sem o mesmo "charme" das grandes organizações, essas companhias têm a oferecer exatamente o que o executivo em transição de carreira mais precisa: trabalho e remuneração. Libertar-se do peso exercido pelo sobrenome corporativo das estrelas do mercado, analisando as alternativas sem preconceito, pode descortinar um horizonte muito interessante de atuação e também de realização, especialmente para os mais seniores.
Empresas desse grupo são surpreendentes. Geralmente, os donos estão próximos, o que as diferencia enormemente daquelas em que os acionistas são anônimos. O poder de influir e a condição de efetivar projetos se ampliam, pois há mais proximidade do centro decisório. Cabelos brancos não são vistos como empecilho, mas sim valorizados pela capacidade de contribuir para o crescimento da organização. O jogo político tende a ser menos acentuado, e os processos seletivos, mais humanizados.
A experiência nessas estruturas menores se torna particularmente proveitosa para aqueles que planejam vôo solo no futuro, à frente de um negócio próprio. Além do recurso de conhecer com mais abrangência e propriedade os mecanismos de funcionamento de uma empresa, há o desenvolvimento de habilidades e competências como a multifuncionalidade, o que enriquece a bagagem profissional.
Por mais craque que seja, nenhum atleta permanece indefinidamente na seleção mundial. Faz parte da gestão da carreira a preparação para as novas fases, contemplando oportunidades interessantes em outras dimensões que não apenas a das grandes multinacionais. Não é preciso esperar o fim do contrato de trabalho para, só então, vislumbrar o mundo que existe além das maiores e melhores. A internet permite conhecer o que há de novo, acompanhar tendências e apurar o olhar para os nichos que podem ganhar importância nos próximos anos.
Proceder a essa leitura, não fechar os olhos para a realidade e atentar ao capital social, nutrindo a rede de relacionamentos, são providências essenciais para dar vida longa à trajetória profissional, com mais chances de prazer e realização.
Fonte: Por José Augusto Minarelli, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9
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