Foram seis meses de trabalho para chegar a um estudo que derruba diversos mitos sobre a relação do jovem com a tecnologia, o que acaba por revelar aprendizados sobre como pensa esse mercado consumidor. A equipe de Gestão de Conhecimento da Ipsos, área especializada responsável pelo estudo, ouviu jovens de 13 a 24 anos.
“Muito tem se falado sobre o assunto, e não é segredo que as novas tecnologias revolucionaram o planeta, mas ainda estamos assistindo aos resultados desta revolução que está apenas começando”, explica Raquel Siqueira, diretora da área especializada de Gestão de Conhecimento na Ipsos e responsável pelo projeto. Os jovens que têm 20 e poucos anos hoje, nasceram no início da era da informática, quando o primeiro computador pessoal foi criado, nos anos 80. A internet popularizou-se, cerca de 15 anos mais tarde, na adolescência desta geração.
O adolescente de classe média faz pesquisas na internet, assiste à televisão, ouve música, manda mensagens pelo celular e participa de múltiplos chats e fóruns de discussão online, tudo ao mesmo tempo. Além disso, os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes favorecem a mobilidade. Com o advento do wireless e o desenvolvimento de aparelhos e dispositivos portáteis, a rua torna-se uma extensão do universo privado. O celular ou o laptop são os portais de acesso à riqueza e multiplicidade da existência virtual. Esta mobilidade resulta em uma sensação de liberdade e percepção de que se tem o mundo inteiro nas próprias mãos.
Para Raquel, por ser uma mudança recente, há ainda um descompasso entre teoria e prática e falta conhecimento sobre esse consumidor, por isso, os mitos existentes sobre o assunto e a importância do estudo. “Um dos mitos é que a juventude de hoje é um enigma e que eles são muito diferentes do jovem do passado. Na verdade, a juventude de hoje assusta muito mais os mais velhos, que se sentem acuados em relação a esta nova geração. Mas isso não significa que este jovem seja fundamentalmente diferente do jovem do passado”, diz a diretora. Segundo a pesquisa, algumas características chaves da juventude mantêm-se e até se fortalecem. Questões como: o desejo de pertencimento ao grupo, predominância dos amigos como autoridade e referência, a insegurança característica da idade, a voracidade, o imediatismo, por exemplo, são facilmente identificadas neste público.
Na verdade, a internet e os meios digitais nada mais são que novas ferramentas que permitem que este jovem manifeste e viva esta fase da vida de acordo com suas necessidades e características próprias de uma forma diferente. Segundo Raquel, as ferramentas tecnológicas deram asas à juventude, os computadores armados com software de navegação e telefones móveis tornaram-se tecnologias desejáveis por “ativarem” nos jovens valores que estes sempre perseguiram – como as idéias de liberdade, independência e velocidade.
Outro mito é que todo jovem gosta e entende de tudo de tecnologia. Há diversas formas e manifestações da tecnologia: internet, games, vídeos, fotos etc., e, segundo a pesquisa, nem sempre, quem é bom ou entende de um tema, entende de outro. Há ramos de interesses bem distintos e que atraem jovens de diferentes perfis. “Um jovem aficionado em games, por exemplo, pode não ter o mesmo perfil atitudinal que um jovem que transita e é ‘viciado’ em Orkut ou MSN. Um jovem com perfil criativo pode, por exemplo, usar os meios digitais para produzir conteúdo (blogs, vídeos, etc.). Já um jovem “festeiro”, por exemplo, pode dar vazão a s eu perfil gregário a partir de ferramentas de interação, como chats”, explica a diretora.
Outro mito é de que o jovem de hoje é cercado por relações virtuais e impessoais. A pesquisa revelou o contrário, pois a vida do jovem no “mundo virtual” é extremante permeada por elementos emocionais que conferem afetividade e conexão interpessoal (real) nas suas relações.
O Brasil está entre os três países com maior número de usuários do Orkut – um dos sites de relacionamento de maior sucesso mundial. Segundo dados do próprio Orkut, dos 32 milhões de perfis cadastrados, 61,9% se declaram brasileiros. Entre janeiro e março de 2007, a Ipsos Marplan/EGM sondou jovens dos 13 aos 24 anos e constatou que 55% dos jovens de classes AB dos 13 aos 17 anos concordam ou concordam muito com a frase “não me imagino sem internet”.
O meio pode ser virtual, mas o jovem lida com sentimentos reais, com questões e problemáticas reais, nas suas aventuras pelo universo digital. Nada mais real do que a paquera ou a fofoca que rola no MSN. “A sensação de proximidade com a turma, o sentimento de pertencer a uma determinada comunidade, a abordagem e o contato com o sexo oposto fazem parte de um rol de situações reais, que transmitem sensações verdadeiras e que ajudam a criar conexões e identidades mais do que legítimas, autênticas e reais”, completa.
A tecnologia se tornou a ferramenta da afirmação autônoma dos jovens no mundo e um meio desses jovens se lançarem no universo social, ainda que virtual, um lugar onde eles exercitam critérios de amizade e onde buscam padrões de comportamento. Jovens não costumam apreciar burocracias e intermediações e, na internet, seus desejos são acessados diretamente – como exemplificado pelo rápido download de arquivos mp3. “A tecnologia parece ajudar os jovens a lidar com os dilemas típicos dessa faixa etária – identidade, personalidade, desejos e auto-expressão”, finaliza Raquel.
Mais detalhes da pesquisa
Os jovens querem participar, ser protagonistas e não apenas coadjuvantes, daí o sucesso das comunicações digitais junto a este grupo, pois possibilitam manifestações interativas que serão fundamentais para a constituição de sua identidade.
Segundo os dados da pesquisa, entre julho e agosto de 2006:
- O computador está presente em 19% dos domicílios brasileiros, consoles de jogos estão em 16%.
- Os telefones fixos são usados em 50% dos domicílios, número inferior ao dos telefones celulares que estão em 68% dos lares e conta com a marca de mais de 100 milhões de aparelhos em operação no País.
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, 65,7% possui celular, na classe C 42,5% e nas classes DE, 17,9%.
- Na faixa de 16 a 24 anos, 84% possui celular nas classes AB, 63,8% na classe C e 38,7% nas classes DE.
- Dentre os que possuem celular, 18% já possuem acesso à internet através do aparelho.
A pesquisa levantou também a freqüência que os jovens utilizam a internet e mostrou que uma grande parcela navega todos os dias ou quase todos os dias:
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a porcentagem foi de 50%, na classe C 25,1%, e nas DE 17,7%.
- Na faixa de 16 a 24 anos, nas classes AB, 62% utilizam a internet todos os dias ou quase todos, na classe C são 42% e nas DE, 25%.
Sobre compras na internet para uso próprio, a pesquisa revelou que poucos jovens estão habituados a realizá-las:
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, apenas 7,5% responderam que já compraram algo para uso próprio na internet. Esse número cai nas classes C e DE para 1,5% e 2,2%, respectivamente.
- Na faixa etária de 16 a 24 anos, o número sobe para 20%, nas classes AB, 10,2% na classe C e 5,6% nas classes DE.
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a porcentagem é de 82,8%, na classe C é 68,7% e nas DE é 63,7%.
- Já na faixa de 16 a 24 anos, nas classes sociais AB, a porcentagem sobe para 92,5%, na classe C para 81,2% e nas DE para 80,1%.
Os interesses são variados até mesmo no uso da internet:
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a grande maioria utiliza a rede para enviar e receber e-mails, 78,4%, para enviar mensagens instantâneas, 55,3%, e para participar de sites e comunidades e relacionamentos, 61,4%.
- Já na classe C, os números são 68,2%, 38,8% e 46,9%, respectivamente.
- A diferença é ainda maior nas classes DE: 58,3%, 26%, 42,6%, respectivamente.
- Na faixa etária de 16 a 24 anos, nas classes AB, 89,9% utilizam a internet para enviar e receber e-mails, 62,8% para enviar mensagens instantâneas e 62,4% participam de sites de relacionamento.
- Já na classe C, os números são 62,8%, 49,1% e 50,3%, respectivamente. Nas classes DE: 62,4%, 50,5%, 52,6%, respectivamente.
Outro número expressivo é sobre a utilização de telefone via internet e videoconferência. Na faixa de 16 a 24 anos, a porcentagem de usuários nas classes AB (12,1%) é quase o dobro das classes DE (6,2%).
Fonte: Por Ticiana Werneck, in consumidormoderno.com.br
“Muito tem se falado sobre o assunto, e não é segredo que as novas tecnologias revolucionaram o planeta, mas ainda estamos assistindo aos resultados desta revolução que está apenas começando”, explica Raquel Siqueira, diretora da área especializada de Gestão de Conhecimento na Ipsos e responsável pelo projeto. Os jovens que têm 20 e poucos anos hoje, nasceram no início da era da informática, quando o primeiro computador pessoal foi criado, nos anos 80. A internet popularizou-se, cerca de 15 anos mais tarde, na adolescência desta geração.
O adolescente de classe média faz pesquisas na internet, assiste à televisão, ouve música, manda mensagens pelo celular e participa de múltiplos chats e fóruns de discussão online, tudo ao mesmo tempo. Além disso, os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes favorecem a mobilidade. Com o advento do wireless e o desenvolvimento de aparelhos e dispositivos portáteis, a rua torna-se uma extensão do universo privado. O celular ou o laptop são os portais de acesso à riqueza e multiplicidade da existência virtual. Esta mobilidade resulta em uma sensação de liberdade e percepção de que se tem o mundo inteiro nas próprias mãos.
Para Raquel, por ser uma mudança recente, há ainda um descompasso entre teoria e prática e falta conhecimento sobre esse consumidor, por isso, os mitos existentes sobre o assunto e a importância do estudo. “Um dos mitos é que a juventude de hoje é um enigma e que eles são muito diferentes do jovem do passado. Na verdade, a juventude de hoje assusta muito mais os mais velhos, que se sentem acuados em relação a esta nova geração. Mas isso não significa que este jovem seja fundamentalmente diferente do jovem do passado”, diz a diretora. Segundo a pesquisa, algumas características chaves da juventude mantêm-se e até se fortalecem. Questões como: o desejo de pertencimento ao grupo, predominância dos amigos como autoridade e referência, a insegurança característica da idade, a voracidade, o imediatismo, por exemplo, são facilmente identificadas neste público.
Na verdade, a internet e os meios digitais nada mais são que novas ferramentas que permitem que este jovem manifeste e viva esta fase da vida de acordo com suas necessidades e características próprias de uma forma diferente. Segundo Raquel, as ferramentas tecnológicas deram asas à juventude, os computadores armados com software de navegação e telefones móveis tornaram-se tecnologias desejáveis por “ativarem” nos jovens valores que estes sempre perseguiram – como as idéias de liberdade, independência e velocidade.
Outro mito é que todo jovem gosta e entende de tudo de tecnologia. Há diversas formas e manifestações da tecnologia: internet, games, vídeos, fotos etc., e, segundo a pesquisa, nem sempre, quem é bom ou entende de um tema, entende de outro. Há ramos de interesses bem distintos e que atraem jovens de diferentes perfis. “Um jovem aficionado em games, por exemplo, pode não ter o mesmo perfil atitudinal que um jovem que transita e é ‘viciado’ em Orkut ou MSN. Um jovem com perfil criativo pode, por exemplo, usar os meios digitais para produzir conteúdo (blogs, vídeos, etc.). Já um jovem “festeiro”, por exemplo, pode dar vazão a s eu perfil gregário a partir de ferramentas de interação, como chats”, explica a diretora.
Outro mito é de que o jovem de hoje é cercado por relações virtuais e impessoais. A pesquisa revelou o contrário, pois a vida do jovem no “mundo virtual” é extremante permeada por elementos emocionais que conferem afetividade e conexão interpessoal (real) nas suas relações.
O Brasil está entre os três países com maior número de usuários do Orkut – um dos sites de relacionamento de maior sucesso mundial. Segundo dados do próprio Orkut, dos 32 milhões de perfis cadastrados, 61,9% se declaram brasileiros. Entre janeiro e março de 2007, a Ipsos Marplan/EGM sondou jovens dos 13 aos 24 anos e constatou que 55% dos jovens de classes AB dos 13 aos 17 anos concordam ou concordam muito com a frase “não me imagino sem internet”.
O meio pode ser virtual, mas o jovem lida com sentimentos reais, com questões e problemáticas reais, nas suas aventuras pelo universo digital. Nada mais real do que a paquera ou a fofoca que rola no MSN. “A sensação de proximidade com a turma, o sentimento de pertencer a uma determinada comunidade, a abordagem e o contato com o sexo oposto fazem parte de um rol de situações reais, que transmitem sensações verdadeiras e que ajudam a criar conexões e identidades mais do que legítimas, autênticas e reais”, completa.
A tecnologia se tornou a ferramenta da afirmação autônoma dos jovens no mundo e um meio desses jovens se lançarem no universo social, ainda que virtual, um lugar onde eles exercitam critérios de amizade e onde buscam padrões de comportamento. Jovens não costumam apreciar burocracias e intermediações e, na internet, seus desejos são acessados diretamente – como exemplificado pelo rápido download de arquivos mp3. “A tecnologia parece ajudar os jovens a lidar com os dilemas típicos dessa faixa etária – identidade, personalidade, desejos e auto-expressão”, finaliza Raquel.
Mais detalhes da pesquisa
Os jovens querem participar, ser protagonistas e não apenas coadjuvantes, daí o sucesso das comunicações digitais junto a este grupo, pois possibilitam manifestações interativas que serão fundamentais para a constituição de sua identidade.
Segundo os dados da pesquisa, entre julho e agosto de 2006:
- O computador está presente em 19% dos domicílios brasileiros, consoles de jogos estão em 16%.
- Os telefones fixos são usados em 50% dos domicílios, número inferior ao dos telefones celulares que estão em 68% dos lares e conta com a marca de mais de 100 milhões de aparelhos em operação no País.
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, 65,7% possui celular, na classe C 42,5% e nas classes DE, 17,9%.
- Na faixa de 16 a 24 anos, 84% possui celular nas classes AB, 63,8% na classe C e 38,7% nas classes DE.
- Dentre os que possuem celular, 18% já possuem acesso à internet através do aparelho.
A pesquisa levantou também a freqüência que os jovens utilizam a internet e mostrou que uma grande parcela navega todos os dias ou quase todos os dias:
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a porcentagem foi de 50%, na classe C 25,1%, e nas DE 17,7%.
- Na faixa de 16 a 24 anos, nas classes AB, 62% utilizam a internet todos os dias ou quase todos, na classe C são 42% e nas DE, 25%.
Sobre compras na internet para uso próprio, a pesquisa revelou que poucos jovens estão habituados a realizá-las:
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, apenas 7,5% responderam que já compraram algo para uso próprio na internet. Esse número cai nas classes C e DE para 1,5% e 2,2%, respectivamente.
- Na faixa etária de 16 a 24 anos, o número sobe para 20%, nas classes AB, 10,2% na classe C e 5,6% nas classes DE.
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a porcentagem é de 82,8%, na classe C é 68,7% e nas DE é 63,7%.
- Já na faixa de 16 a 24 anos, nas classes sociais AB, a porcentagem sobe para 92,5%, na classe C para 81,2% e nas DE para 80,1%.
Os interesses são variados até mesmo no uso da internet:
- Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a grande maioria utiliza a rede para enviar e receber e-mails, 78,4%, para enviar mensagens instantâneas, 55,3%, e para participar de sites e comunidades e relacionamentos, 61,4%.
- Já na classe C, os números são 68,2%, 38,8% e 46,9%, respectivamente.
- A diferença é ainda maior nas classes DE: 58,3%, 26%, 42,6%, respectivamente.
- Na faixa etária de 16 a 24 anos, nas classes AB, 89,9% utilizam a internet para enviar e receber e-mails, 62,8% para enviar mensagens instantâneas e 62,4% participam de sites de relacionamento.
- Já na classe C, os números são 62,8%, 49,1% e 50,3%, respectivamente. Nas classes DE: 62,4%, 50,5%, 52,6%, respectivamente.
Outro número expressivo é sobre a utilização de telefone via internet e videoconferência. Na faixa de 16 a 24 anos, a porcentagem de usuários nas classes AB (12,1%) é quase o dobro das classes DE (6,2%).
Fonte: Por Ticiana Werneck, in consumidormoderno.com.br
Comentários
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