Como muitos presidentes que hoje estão na faixa dos 40 aos 80 anos de idade, eu também comecei a trabalhar numa época em que ainda não havia a percepção do assédio moral. Embora ele existisse na prática e em doses eqüinas. E funcionava em uma perfeita cascata. O gerente, aos berros, passava uma descompostura no encarregado. O encarregado, um tom acima, retransmitia a ordem e os xingamentos para o supervisor. E o supervisor acrescentava ao volume de voz a própria expressão corporal, intimidando o operador de máquina com os punhos cerrados e aquele olhar de lobisomem faminto.
A conseqüência disso para os relacionamentos interpessoais era nenhuma. Porque ainda faltavam as referências contrárias. Se todos os empregados eram tratados do mesmo jeito desde o primeiro dia em que pisavam na empresa, ninguém se sentia humilhado. Ao contrário, era como se todos estivessem representando uma peça, cujo script exigia que as determinações da chefia fossem passadas acima dos 90 decibéis, mesmo que o funcionário - o único ator que não tinha falas na peça - estivesse a meio metro de distância.
Foi apenas na década de 80 que essa situação começou a mudar. E aí surgiram as tais referências. Primeiro, por meio da comparação entre empresas, disseminada nos seminários de recursos humanos. E, finalmente, por meio da jurisprudência, quando empregados começaram a ganhar causas trabalhistas por assédio moral. De repente, o gerentão ameaçador saiu definitivamente de moda e deu lugar ao líder servidor, seja isso o que for.
Assédio moral é o abuso do cargo, de maneira constante e contínua, para humilhar um subordinado. Não é uma explosão momentânea de mau humor ou um palavrão extemporâneo para aliviar a pressão, duas atitudes a que qualquer ser humano está sujeito vez ou outra. O assédio moral é uma perseguição individual, sem motivos claros ou justificados. Mesmo assim, muitas empresas relutaram - algumas ainda relutam - em abrir seus ouvidos às queixas dos assediados. Relutam também em punir os chefes que se comportam como se nunca tivessem saído da era medieval. Porém, o que antes era apenas a avaliação subjetiva de um comportamento pouco recomendável por parte da chefia agora pode terminar em uma indenização pecuniária e arranhar a imagem da empresa.
E essas são duas coisas caríssimas aos presidentes. O dinheiro saindo da caixa e a imagem corporativa indo para o ralo. Presidentes podem delegar muitas responsabilidades a seus assessores diretos. Mas a questão do assédio moral é pessoal e intransferível. Tem a ver, primeiro, com o exemplo que o próprio presidente dá para o resto da empresa. Segundo, com a comunicação eficiente de que maus-tratos não serão tolerados. E, terceiro, com a exemplar punição dos renitentes. Além disso, seria bastante apropriado editar uma didática cartilha que elucidasse claramente o que é assédio e o que não é. Pois não vai demorar muito para que um funcionário decida processar a empresa só porque o chefe esqueceu de dizer "bom-dia".
Fonte: Por Max Gehringer, in epocanegocios.globo.com
A conseqüência disso para os relacionamentos interpessoais era nenhuma. Porque ainda faltavam as referências contrárias. Se todos os empregados eram tratados do mesmo jeito desde o primeiro dia em que pisavam na empresa, ninguém se sentia humilhado. Ao contrário, era como se todos estivessem representando uma peça, cujo script exigia que as determinações da chefia fossem passadas acima dos 90 decibéis, mesmo que o funcionário - o único ator que não tinha falas na peça - estivesse a meio metro de distância.
Foi apenas na década de 80 que essa situação começou a mudar. E aí surgiram as tais referências. Primeiro, por meio da comparação entre empresas, disseminada nos seminários de recursos humanos. E, finalmente, por meio da jurisprudência, quando empregados começaram a ganhar causas trabalhistas por assédio moral. De repente, o gerentão ameaçador saiu definitivamente de moda e deu lugar ao líder servidor, seja isso o que for.
Assédio moral é o abuso do cargo, de maneira constante e contínua, para humilhar um subordinado. Não é uma explosão momentânea de mau humor ou um palavrão extemporâneo para aliviar a pressão, duas atitudes a que qualquer ser humano está sujeito vez ou outra. O assédio moral é uma perseguição individual, sem motivos claros ou justificados. Mesmo assim, muitas empresas relutaram - algumas ainda relutam - em abrir seus ouvidos às queixas dos assediados. Relutam também em punir os chefes que se comportam como se nunca tivessem saído da era medieval. Porém, o que antes era apenas a avaliação subjetiva de um comportamento pouco recomendável por parte da chefia agora pode terminar em uma indenização pecuniária e arranhar a imagem da empresa.
E essas são duas coisas caríssimas aos presidentes. O dinheiro saindo da caixa e a imagem corporativa indo para o ralo. Presidentes podem delegar muitas responsabilidades a seus assessores diretos. Mas a questão do assédio moral é pessoal e intransferível. Tem a ver, primeiro, com o exemplo que o próprio presidente dá para o resto da empresa. Segundo, com a comunicação eficiente de que maus-tratos não serão tolerados. E, terceiro, com a exemplar punição dos renitentes. Além disso, seria bastante apropriado editar uma didática cartilha que elucidasse claramente o que é assédio e o que não é. Pois não vai demorar muito para que um funcionário decida processar a empresa só porque o chefe esqueceu de dizer "bom-dia".
Fonte: Por Max Gehringer, in epocanegocios.globo.com
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