Pular para o conteúdo principal

Comunicação Empresarial para o desenvolvimento sustentável

Para os formadores de opinião que acham que o termo “Desenvolvimento Sustentável” é apenas um modismo, aí vai um recado: Seu conceito não pode ser mais ignorado por nenhum segmento da sociedade, muito menos pela mídia. Hoje, o setor empresarial tem que se desenvolver, gerar riquezas e bem-estar, sem comprometer as futuras gerações. Cabe às assessorias de comunicação divulgar as ações positivas neste sentido. Fora das empresas, o tema deve ser tratado com a devida importância e não apenas ficar restrito às redações de economia ou cadernos especiais. Urge a necessidade da promoção de valores e conceitos que priorizem a melhoria da qualidade de vida, o aumento do bem-estar dos cidadãos e a diminuição da desigualdade social. Se isto não se materializar seja nas assessorias de comunicação, nas redações de uma forma mais ampla e na mídia como um todo, o País corre o risco de perder o bonde da história. O papel da mídia como formadora de opinião é e será de fundamental importância em um processo de transformação, para dar visibilidade e fornecer legitimidade pública aos assuntos da responsabilidade socioambiental das empresas.

Comunicação Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável será tema de seminário inserido na programação da 7ª edição da Ecolatina - Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social, que acontecerá no dia 17 de outubro. O evento apresentará depoimentos de jornalistas, mostrará experiências de empresas de comunicação, propiciando um debate com os profissionais desta área e de marketing. Entre os sub-temas que serão debatidos durante o encontro, constam na pauta: “Comunicação e Sustentabilidade”, Responsabilidade Socioambiental na Mídia - Pauta e Gestão”, A Importância do Diálogo com os Stakeholders” e Mudanças Climáticas: Caminhos e Soluções - Empresas e Consumidores”.

Uma das convidadas para o seminário, que acontece no Minascentro, em Belo Horizonte, é Kiki Moretti, diretora da In Press Porter Novelli, uma das maiores agências de comunicação do país. Sobre a questão da Comunicação Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, ela fala por experiência própria. “Grandes agências como a In Press convivem com diferentes realidades. Alguns de nossos clientes têm a questão do meio ambiente como cerne do negócio e o trabalho de divulgação da empresa e seus produtos está integrado à sustentabilidade, unindo aspectos sociais, meio ambiente e economia. Não existe uma ação diferenciada para divulgar ações de desenvolvimento sustentável, pois o tema está presente na rotina do trabalho da empresa e no seu negócio, impactando desta forma a comunicação”.

Todavia, Moretti reconhece que há também clientes que desejam realizar comunicação sobre sustentabilidade, mas ainda não utilizam este conceito como parte do negócio. Neste sentido, ela explica que o trabalho de sua agência tem sido o de “educá-los” sobre a necessidade de que, antes de qualquer divulgação, é preciso estabelecer um plano de desenvolvimento sustentável que esteja em linha com a missão e os objetivos da empresa.
Por outro lado, ela explica que outras empresas sabem que o tema sustentabilidade é tão importante, que precisam mostrar ao mercado - acionistas, clientes, fornecedores, parceiros, funcionários e a comunidade - o que já realizam neste sentido. “Muitas vezes, no entanto, falta reunir sob um único guarda-chuva o que vem sendo feito por diferentes áreas. Algumas são multinacionais que trabalham com conceito único”. Moretti citou a Holcim, do setor de cimentos, como exemplo. “A empresa promove a construção sustentável através da Fundação Holcim e terá um painel na EcoLatina sobre este tema.”

Mas, como oferecer bem para a mídia informações com este novo conceito? A diretora da In Press dá a dica: “A informação não pode se resumir a ações isoladas. É preciso contextualizar, mostrar os resultados e benefícios efetivos que se espera ou obtidos e realizar a ligação com os objetivos da empresa, mostrando que não é apenas um modismo, mas uma mudança na forma de pensar e agir em relação ao meio ambiente e à sociedade”. Moretti acrescentou que pelo que tem vivenciado no contato com a imprensa, este tipo de oferta deve ser regular e, mesmo que não gere resultados imediatos, ou seja, a publicação de uma matéria, o procedimento deve ser continuamente realizado, mostrando que o trabalho é uma constante na empresa.

No que tange à mídia, ela explica que o foco já está definido, e que a imprensa tem realizado um importante trabalho ao divulgar ações efetivas de sustentabilidade, chamando a atenção da sociedade para os riscos relacionados ao aquecimento global, à necessidade do consumo consciente da água, entre outros problemas que afetam a vida no planeta. “Mas acredito que a questão do desenvolvimento sustentável não deve estar restrita às editorias de meio ambiente ou responsabilidade social. É preciso que o tema esteja profundamente presente em todas as áreas”, salientou.

Para divulgar índices de forma estratégica, aguçando a mídia, Moretti sugere que as assessorias reúnam informações, apresentem os resultados, ofereçam porta-vozes externos à empresa (como os beneficiados dos projetos, especialistas, parceiros, representantes de comunidades) que possam dar seus depoimentos. Em muitos casos, segundo ela, convidar a imprensa para conhecer no local os projetos e vivenciar a experiência também é uma boa forma de divulgação. “Reunir porta-vozes e jornalistas formadores de opinião para encontros de relacionamento, onde informações estruturadas são oferecidas, também é um recurso efetivo de divulgação”, admitiu.
A diretora da In Press reconhece que as empresas que já se estruturaram internamente e possuem um plano de desenvolvimento sustentável têm aproveitado bem o espaço na mídia, fornecendo informações consistentes, mostrando o plano de trabalho, a linha de ação e, principalmente, os resultados obtidos.

Para o presidente da Aberje-MG, Marco Piquini, que irá coordenar o seminário, a comunicação é parte integrante do plano de desenvolvimento sustentável de uma empresa. “Seja na coordenação, seja como apoio, os profissionais da área reúnem as competências essenciais para transformar projetos em realidade e, principalmente, fazer as necessárias interações com todos os públicos envolvidos, especialmente as comunidades vizinhas à empresa” explicou.

Ana Luiza Herzog, editora do Guia de Sustentabilidade da Revista Exame, de certa forma compartilha das idéias de Kiki Moretti. Segundo ela, as empresas não devem mais se ater a questões isoladas, capazes de garantir benefícios somente para si: “O desenvolvimento sustentável deve fazer parte da política da empresa. Não bastam mais ações pontuais. Deve haver coerência entre as ações e filosofia da empresa”, concluiu.

Neste contexto, o 3º Seminário Comunicação Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável acontece em um momento oportuno, uma vez que é de grande importância no sentido de fomentar entre aqueles que fazem comunicação no país os conceitos sobre Desenvolvimento Sustentável, que passaram da hora de ganhar mais espaço nas empresas e na mídia. Além de Moretti, Piquini e Ana Herzog, o seminário contará ainda com a presença de Cláudio Savaget, diretor do Globo Ecologia; de Fabián Echegaray, diretor geral da Market Analysis Brasil e consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Pnud; e Beatriz Bulhões, diretora do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento, entre outros.


Fonte: www.marketingstation.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su...

Funcionários da Domino´s Pizza postam vídeo no You Tube e são processados

Dois funcionários irresponsáveis imaginam um vídeo “muito engraçado” usando alimentos e toda sorte de escatologia. O cenário é uma cozinha da pizzaria Domino´s. Pronto, está feito o vídeo que mais chamou a atenção da mídia americana na semana passada. Nele, os dois funcionários se divertem enquanto um espirra na comida, entre outras amostras de higiene pessoal. Tudo isso foi postado no you tube no que eles consideraram “uma grande brincadeira”. O vídeo em questão, agora removido do site, foi visto por mais de 930 mil pessoas em apenas dois dias. (o vídeo já foi removido, mas pode ser conferido em trechos nesta reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=eYmFQjszaec ) Mas para os consumidores da rede, é uma grande(síssima) falta de respeito. Restou ao presidente a tarefa de “limpar” a bagunça (e a barra da empresa). Há poucos dias, Patrick Doyle, CEO nos EUA, veio a público e respondeu na mesma moeda. No vídeo de dois minutos no You Tube, Doyle ( http://www.youtube.com/watch?v=7l6AJ49xNS...

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De...