Pular para o conteúdo principal

Fragmentação dos mercados

Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired e autor do livro “A cauda longa”, apresentou a penúltima palestra do Fórum Mundial de Marketing e Vendas da HSM, no Teatro Alfa, em São Paulo. Para fundamentar sua apresentação sobre a nova dinâmica do marketing e vendas como forma de lucrar com fragmentação dos mercados, o autor mostrou conceitos de seu último livro e antecipou temas de sua próxima obra, intitulada Free.

Ele comentou as transformações ocorridas nas últimas décadas que ocasionaram uma revolução na forma de ver o mundo e entender os produtos e o mercado. Segundo ele, a criação de produtos de massa, que atingiam um número enorme de pessoas, típica do século passado, foi substituída pela segmentação. “Tínhamos o século focado no denominador comum. Aquele modelo de tamanho único não existe mais. Hoje somos medidos mais pelas nossas diferenças do que pelas nossas semelhanças”, afirmou.

Para Anderson, a internet contribui para a fragmentação dos mercados no sentido de disseminar produtos e preferências antes impossíveis de serem armazenadas ou percebidas. “Em termos de magnitude, há muito mais escolhas online do que numa loja física. Um terço dos livros vendidos na Amazon referem-se a livros que não estão nas prateleiras das livrarias”, apontou o editor. “Dominamos a cultura do século XX porque tínhamos o monopólio da distribuição. A internet chegou com um sistema de distribuição maior, uma prateleira infinita e sem custos”, completou.

Segundo o editor da Wired, conforme as culturas vão enriquecendo mudam-se os hábitos dos consumidores, que passam a se tornar mais individuais, ávidos por informação e novas escolhas. “Há vinte anos tínhamos três tipos de geléias. Hoje, temos trinta sabores diferentes. No varejo tradicional a revolução tecnológica permitiu mais produtos na prateleira com o mesmo espaço. Agora o mercado médio duplicou o número de opções”, explicou.

O autor chama a atenção da disponibilidade de dezenas de itens “granularizados” que se formaram com a fragmentação. “Cada uma dessas fatias de mercado se torna mais distinta à medida que vamos obtendo informações. Para cada abundância há uma escassez. Temos produtos caros para o mundo rico e outros produtos em outros mercados”, comentou.

É grátis
Com relação à polêmica da onda de gratuidade, cada vez mais presente na rede, o autor explicou de que forma ela se evidencia na rede. “Em termos econômicos a cauda longa é abundância. A internet recriou a economia do gratuito”, ressaltou. Anderson lembrou a iniciativa de King Gillete, de criar lâminas de barbear descartáveis e na impossibilidade de convencer que eram uma boa compra, distribuiu-as gratuitamente nos bancos e no exército para depois vendê-las.

Para ele, esse tipo de falso gratuito ainda existe, e além dele, o gratuito de marketing e o gratuito de mídia, onde o anunciante subsidia os custos do produto para que ele saia de graça para o consumidor. Na nova forma de economia gerada pela internet, e tema do próximo livro de Anderson, o gratuito é uma forma de ganhar dinheiro. “Tudo online está se tornando cada vez mais barato porque o gratuito é o único preço sustentável”, apontou.

Anderson deu exemplos da gratuidade presente na web como a entrada do Gmail no campo de e-mails com maior capacidade de memória quando outros cobravam por isso, e como o Yahoo não deixou de ganhar dinheiro cobrando por e-mails de capacidade ilimitada. Na questão dos videogames, o autor lembra que agora, eles estão disponíveis gratuitamente para dowloads mas, em alguns sites, a duração do jogo é cobrada.

“O cantor Prince distribuiu CDs gratuitos junto com o jornal para vender shows limitados”, ilustrou. De acordo com o editor, tudo o que se tornar digital acabará sendo gratuito. “A idéia é dar uma parte e vender outras”, indicou. “Tentem achar uma maneira de tornar o seu negócio gratuito e ver em qual dos modelos de negócios poderá criar algo de menor custo e sucesso”, finaliza.


Fonte: Por Erika Ramos, in www.consumidormoderno.com.br

Comentários

Gostei muito do post, na verdade estou lendo o livro do Anderson, a cauda longa, e é bastante estimulante. Achei seu post a partir da pesquisa: abundância gera fragmentação? idéia que absorvi do livro e acabei achando seu post sobre o livro em questão. Tenho tentado equacionar esses princípios em várias situações e refletir sobre eles. Também estou fazendo um blog onde tento abordar como determinados aspectos, sendo o principal o capital, influenciam nosso viver e como seria se ele fosse alterado.
Se sobrar tempo visite meu blog, http://ganharpeloquegosta.blogspot.com/
quem sabe não trocamos links.
muito boa reportagem.
abçs

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç