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Comunicação Corporativa na Era do Resultado

Todos nós sabemos como nestes últimos anos de furor darwiniano, temos sido conduzidos pela compulsiva busca de resultados. Para muitos, resultado significa o que se contabiliza ao fim de períodos de tempo cada vez mais curtos. O varejo, por exemplo, sabe hoje se o impacto da promoção ou da campanha lançada ontem funcionou.

Neste cenário, resultados estão ligados à noção de sobrevivência das empresas, dos produtos e, como não poderia deixar de ser, dos cargos, empregos, bônus e salários.

Nesta desenfreada missão de gerar resultados de curto prazo, os táticos assumiram o poder em muitas organizações, como bem diz um grande amigo meu. E eles estão sempre apoiados na eterna crença de que os acionistas não têm paciência ou fôlego para esperar períodos mais longos para demonstração de resultados.

Num ambiente de furor darwiniano, de expectativas para resultados amanhã, de precedência do fluxo de caixa sobre o fluxo de idéias, algumas expressões soam como verdadeiros palavrões em muitas empresas. Uma delas é comunicação corporativa!

Em quantas organizações ela ainda é tratada como a perfumaria mais cosmética do mundo? Em muitas!

Em quantas organizações ela ainda não é considerada como apenas mais uma das frescuras do pessoal lá do “25º andar”?

Em quantas organizações ela ainda é considerada como algo totalmente desconectado da busca por resultados? Infelizmente, ainda em muitas!

Contudo, há quem não pense assim. Há estilos de gerenciamento de comunicação que não têm parado nas necessidades imediatas dos produtos, ou das planilhas de caixa, ou nos sutis “conselhos” dos CFO’s.

Há estilos de gerenciamento que conseguem estabelecer a correta conexão entre comunicação corporativa e a geração de resultados sólidos e sustentados.

Há estilos de gerenciamento que perceberam há bastante tempo, que as considerações estratégicas de longo prazo de hoje - que envolvem comunicação corporativa - são a fonte de resultados imediatos no dia de amanhã.

Este segmento de empresas, que lucidamente não acredita na armadilha darwiniana, não é exclusivamente formado por organizações multinacionais como alguns poderiam imaginar - antes que alguém me acuse de inspiração apenas nas sagradas marcas globais. Sei que estou sendo injusto com ilustres ausentes nesta lista, mas TAM; Gradiente; Natura; Boticário; Sadia; Rede Globo; Bradesco; Gerdau; Itaú confirmam a regra: é um estilo de gestão, e não de procedência da empresa, que está em jogo.

Estas empresas impuseram algumas regras na comunicação corporativa que devem nos fazer parar para pensar. De alguma forma estas 3 regras abaixo acabam sendo seguidas:

1. Comunicação corporativa não é sinônimo de campanha institucional. Este antigo paradigma já foi quebrado há tempos. Comunicação corporativa é acima de tudo uma disciplina xiita em todos os contatos da empresa com consumidores, influenciadores, trade, governo, acionistas, fornecedores e, naturalmente, público interno.

2. Comunicação corporativa é tratar a marca corporativa como uma suprema ferramenta de negócios. Prefiro citar o que dizem Philip Kitchen e Don Schultz em seu recente livro “Raising the corporate umbrella” : “...a marca corporativa e as atividades do diretor de comunicação corporativa têm imediato e contínuo impacto no êxito da corporação.” E um pouco mais adiante: “A marca corporativa é obviamente uma das mais importantes e valiosas contribuintes para o sucesso da empresa” (pag. 369). A propósito, recomendo a leitura do livro e, em especial, o capítulo 13 em que os autores apresentam formas objetivas de medir os resultados de investimentos de comunicação sobre a marca corporativa.

3.Comunicação corporativa é muito mais que um cargo, é uma mentalidade. Os diretores de comunicação corporativa que me desculpem: eles não são donos desse território. Para que a comunicacão corporativa funcione, de fato, eles devem ser exclusivamente mentores desse processo. O seu papel essencial é o de tornar a organização consciente de que cada contato da empresa com os consumidores, fornecedores, trade, acionistas, etc é um potencial elo da comunicação da marca corporativa. Já se foi o tempo em que os grandes, pesados e inconvenientes books de marca eram suficientes para difundir a cultura corporativa. A atual complexidade das organizações não combina mais com estas “incômodas bíblias”. O importante hoje é infundir um autêntico sentimento ou mentalidade corporativa em cada funcionário. Em graus diferentes, é lógico, em função do impacto de seus contatos com os públicos citados acima. Este é o papel principal de um moderno diretor responsável por comunicação corporativa.

Em resumo: neste mundo regido por eficácia, busca de resultado e comunicação corporativa nunca foram aliados tão próximos como são hoje.


Fonte: Por Jaime Troiano, in www.troiano.com.br

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