Nas últimas duas semanas, eu e a editora Cristiane Mano conversamos com um bocado de gente para escrever uma reportagem sobre Filantropia, que estará na Exame que chega às bancas amanhã. E, como algumas vezes acontece, descobrimos histórias muito interessantes que, por se distanciarem do foco escolhido para a reportagem, ficaram de fora. Mas o bom é que tenho esse espaço para dividi-las com vocês. Vamos lá:
Tive uma conversa muito legal com Lucia Dellagnelo. Doutora em educação e desenvolvimento humano pela Universidade Harvard, Lucia é quem gerencia em Florianópolis, Santa Catarina, o ICom, uma fundação comunitária. E o que diabos é uma fundação comunitária? É uma entidade sem fins lucrativos que articula doações de pessoas físicas e empresas para promover o desenvolvimento de uma determinada região. Ou seja, é uma ponte que liga pessoas e empresas dispostas a fazer o bem a ONGs que trabalham para uma causa específica, como melhoria da educação pública ou violência. É um modelo de entidade que existe aos montes lá fora, sobretudo nos Estados Unidos, a meca da filantropia no mundo. A Silicon Valley Community Foundation, por exemplo, a quarta maior fundação comunitária do país, tem hoje 1,9 bilhão de dólares em caixa e administra mais de 1 500 fundos filantrópicos. Segundo Lucia, agora, o boom das fundações comunitárias está acontecendo mesmo é nos países emergentes.
A ICom foi criada em 2005 e ainda está engatinhando, mas engatinhando bem direitinho. Seu primeiro fundo, criado no ano passado para investir no empreendedorismo social jovem, conseguiu captar 230 000 reais de pessoas, famílias e empresas da cidade, e está beneficiando dez ONGs que desenvolvem atividades para 200 jovens. Agora, Lucia está começando a captar recursos para um segundo fundo, que terá como foco a melhoria da educação pública. Os fundos são programados para durar 18 meses. Segundo a executiva, a idéia, porém, é que ao final desse período, os investidores conheçam os resultados alcançados pelas ONGs e se animem a continuar colocando dinheiro nas iniciativas. "O mais legal de uma fundação comunitária é que ela permite que pessoas e empresas deixem de fazer seus projetinhos e juntem forças para fazer algo maior, com escala", afirma. A ICom já recebeu recursos de uma familia tradicional da cidade que tem vários negócios, como a Petrelli, de empresas como a Portobello, e de pessoas físicas como Vicente Donini, presidente da Marisol. Donini doou 15 000 reais. Pouco para um grande empresário? Segunda Lucia, não. "O que deve mover as fundações comunitárias são pequenas doações de vários investidores", afirma. "E não um grande investidor".
E só pra constar:
- para colocar a casa de pé e começar a funcionar, a ICom ganhou um empurrão de 75 000 reais da Avina - entidade internacional que apóia projetos de desenvolvimento sustentável na América Latina.
- A ICom é a segunda fundação comunitária a ser criada no Brasil. A primeira foi a Instituto Rio, que funciona no Rio de Janeiro desde 2002.
Fonte: Por Ana Luiza Herzog, in Blog Sustantabilidade, portalexame.abril.com.br
Tive uma conversa muito legal com Lucia Dellagnelo. Doutora em educação e desenvolvimento humano pela Universidade Harvard, Lucia é quem gerencia em Florianópolis, Santa Catarina, o ICom, uma fundação comunitária. E o que diabos é uma fundação comunitária? É uma entidade sem fins lucrativos que articula doações de pessoas físicas e empresas para promover o desenvolvimento de uma determinada região. Ou seja, é uma ponte que liga pessoas e empresas dispostas a fazer o bem a ONGs que trabalham para uma causa específica, como melhoria da educação pública ou violência. É um modelo de entidade que existe aos montes lá fora, sobretudo nos Estados Unidos, a meca da filantropia no mundo. A Silicon Valley Community Foundation, por exemplo, a quarta maior fundação comunitária do país, tem hoje 1,9 bilhão de dólares em caixa e administra mais de 1 500 fundos filantrópicos. Segundo Lucia, agora, o boom das fundações comunitárias está acontecendo mesmo é nos países emergentes.
A ICom foi criada em 2005 e ainda está engatinhando, mas engatinhando bem direitinho. Seu primeiro fundo, criado no ano passado para investir no empreendedorismo social jovem, conseguiu captar 230 000 reais de pessoas, famílias e empresas da cidade, e está beneficiando dez ONGs que desenvolvem atividades para 200 jovens. Agora, Lucia está começando a captar recursos para um segundo fundo, que terá como foco a melhoria da educação pública. Os fundos são programados para durar 18 meses. Segundo a executiva, a idéia, porém, é que ao final desse período, os investidores conheçam os resultados alcançados pelas ONGs e se animem a continuar colocando dinheiro nas iniciativas. "O mais legal de uma fundação comunitária é que ela permite que pessoas e empresas deixem de fazer seus projetinhos e juntem forças para fazer algo maior, com escala", afirma. A ICom já recebeu recursos de uma familia tradicional da cidade que tem vários negócios, como a Petrelli, de empresas como a Portobello, e de pessoas físicas como Vicente Donini, presidente da Marisol. Donini doou 15 000 reais. Pouco para um grande empresário? Segunda Lucia, não. "O que deve mover as fundações comunitárias são pequenas doações de vários investidores", afirma. "E não um grande investidor".
E só pra constar:
- para colocar a casa de pé e começar a funcionar, a ICom ganhou um empurrão de 75 000 reais da Avina - entidade internacional que apóia projetos de desenvolvimento sustentável na América Latina.
- A ICom é a segunda fundação comunitária a ser criada no Brasil. A primeira foi a Instituto Rio, que funciona no Rio de Janeiro desde 2002.
Fonte: Por Ana Luiza Herzog, in Blog Sustantabilidade, portalexame.abril.com.br
Comentários