Pular para o conteúdo principal

O segredo é conhecer a vida das pessoas

No dia 2 de dezembro o Brasil colocará em operação o seu modelo de TV digital e o que não faltam são dúvidas de como serão elaboradas estratégias de comunicação dentro do ambiente de multiprogramação que se consolidará em breve. Mas a experiência do Instituto dos Profissionais de Propaganda (IPA, na sigla em inglês), com o projeto Touchpoints ('pontos de contato', em livre tradução) demonstra que as campanhas mais eficazes serão aquelas pautadas em estudos que revelam o conhecimento da vida das pessoas, dos seus anseios e das suas preferências.

O diretor técnico do IPA, Ivor Hussein, que viveu a experiência de ter acompanhado o processo de expansão da mídia com a TV digital inglesa, afirma que as pessoas, quando possuem muitas opções de programação em multicanais, tornam-se cada vez mais especializadas em um tipo de assunto que mais lhe agrada e seguem para se reunir em grupos de interesse que exploram diferentes plataformas de comunicação do sobre o assunto. "A multiplicidade de mídias trouxe fragmentação de público, mas é muito mais uma questão de especialização", afirma Hussein.

A análise de Hussein, sobre a questão da TV digital, na sessão de perguntas da palestra que encerrou a programação da 17º edição do MaxiMídia, está integrada ao tipo de trabalho que o IPA realiza na Inglaterra: o levantamento de dados centrado no consumidor e em todos os canais de mídia que ele consome. Segundo o profissional, é apenas identificando como funciona o estilo de vida de determinados grupos e quando eles estão receptivos a receber informação que o retorno de um investimento na comunicação é muito maior. "Entender o contexto em que a mídia é consumida é crucial para que se consiga obter o envolvimento do consumidor com a comunicação", diz Hussein.

Basicamente o projeto do IPA, que está em sua segunda fase de realização - a primeira começou em 2003 e foi publicada em 2005 - consiste em questionários sobre as atividades de uma pessoa durante os sete dias da semana e que engloba a sua relação com a mídia. O diferencial é que os dados apurados são cruzados com uma série de outros estudos disponíveis no mercado e assim se chega a gráficos bastante específicos do comportamento de grupos de pessoas, como por exemplo, das que costumam se reunir com a família ou as gostam de sair para farra no sábado.

O custo do trabalho de pesquisa realizado pelo IPA é naturalmente caro. Porém é financiado a partir da união de agências de mídia - na Inglaterra atuação das empresas é independente das agências de publicidade - com os veículos de comunicação. "A iniciativa do IPA é muito interessante pelo fato da indústria da comunicação se reunir em torno de uma causa: a de entender as mudanças que o setor passa", afirma Flavio Ferrari, prtesidente executivo do Ibope Mídia América Latina. Segundo ele, é necessário que o Brasil comece a pensar em um projeto coletivo de levantamento de dados de maneira mais profunda. Porém quando questionado sobre quem poderia entrar neste tipo de trabalho, titubeou: "Os veículos no Brasil tendem a patrocinar iniciativas que de certa maneira os favorece, porém eles têm obrigação de fazer pesquisas como essas", afirma.

A diretora de marketing e comercial da Editora Globo, Yara Grottera, colocou que há um momento mágico de mudanças em toda a estrutura de comunicação, porém o tempo dessa mudança é que é o problema. "Tudo muda muito rápido atualmente e a nossa inteligência de comunicação ainda não acompanha isso", alega Yara.


Fonte: Por Ruy Barata Neto, in www.meioemensagem.com.br/maximidia2007

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç